Em entrevista ao jornalista José Maria Trindade, a deputada federal Carol Dartora (PT-PR) refletiu sobre as dificuldades que enfrenta como mulher negra na política, especialmente no contexto de Brasília. Ela destacou que, mesmo após ser eleita a primeira vereadora negra de Curitiba e a primeira deputada federal negra da cidade, o preconceito racial segue presente em seu cotidiano. O encontro ocorreu, neste último sábado (12), no programa Ponto Final, da Jovem Pan News.
Carol explicou que, ao chegar a Brasília, mesmo sendo uma parlamentar, foi barrada em diversas ocasiões na Câmara dos Deputados e em outros espaços de poder da capital federal. “Quando um corpo preto chega nesses espaços de poder, é imediatamente sujeito a todas as violências que um corpo preto sofre na sociedade brasileira”, afirmou.
O jornalista fez um paralelo com a experiência da ex-senadora Heloísa Helena, que também já havia sido barrada no Senado por sua aparência, reforçando que o racismo não está vinculado ao mérito ou à competência, mas sim às vestimentas, aos fenótipos e à cor da pele.
A parlamentar reforçou a importância de discutir questões raciais, especialmente no âmbito político. Segundo Carol, ainda há uma expectativa de que mulheres negras não ocupem posições de destaque, mas sim cargos subalternos. “A maior parte das mulheres que têm o mesmo tom de pele que eu, na Câmara, não estão presidindo, não são líderes de partido ou bancada. Elas estão limpando, estão faxinando”, declarou.
Carol Dartora reconhece que, embora haja avanços, ainda é preciso superar muitos desafios para garantir uma democracia plena e igualitária no país.
Desafios para novos líderes
A deputada também falou sobre os desafios que novos líderes, especialmente mulheres e jovens, enfrentam na política. Ela afirmou que a credibilidade é uma das maiores barreiras, e que essas lideranças precisam trabalhar três vezes mais para serem reconhecidas. “Os partidos políticos não estão fora da sociedade, eles refletem as mesmas estruturas de poder. E a política institucional é extremamente rígida”, explicou.
Dartora concluiu afirmando que, apesar dos obstáculos, a democratização dos canais de mídia e as novas formas de comunicação política estão abrindo espaço para uma nova cultura política no Brasil. “Existe uma ascensão de novas formas de se fazer política, e isso está criando uma abertura para uma nova cultura política mais representativa e inclusiva”, finalizou.
Foto: Ana Clara Lima
Fonte: Site do PT na Câmara