No Setembro Verde, mês destinado à campanha para estimular a doação de órgão, o Brasil comemora ter o maior programa de transplantes de órgãos, de tecidos e de células do mundo, e o Ministério da Saúde mais que dobrou a autorização desses procedimentos, resultando em um aumento de 106% em oito meses.
Em 2023, o Brasil avançou 9,5% nos transplantes realizados de janeiro a agosto, quando comparado com o mesmo período de 2022. Até agosto deste ano, foram feitos 18.461 procedimentos em todo país, incluindo transplantes de córnea e medula óssea, sendo que ano passado o total registrado foi de 16.848 cirurgias.
O número de doadores no primeiro semestre de 2023 é recorde: 1,9 mil doadores, possibilitando a realização de 4.377 transplantes de órgãos, como rim, fígado e coração, número 16,2% maior do que em 2022. Quando somados os meses de julho e agosto de 2023, o total de doadores efetivos salta para 2.435 mil e 5.914 transplantes de órgãos realizados.
E, para fortalecer o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o Ministério da Saúde anunciou que investirá progressivamente de 40% a 80% em procedimentos relacionados ao transplante de órgãos e medula óssea. O aporte deve chegar a R$56 milhões, segundo a pasta.
Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o investimento é um esforço de reconstrução e ampliação do SNT. “O incentivo financeiro atrelado a indicadores de quantidade e qualidade adequados busca aumentar a capacidade instalada dos centros transplantadores do nosso país. Os números do primeiro semestre deste ano já apresentam um ótimo resultado e, com novos investimentos, podemos chegar ainda mais longe”, afirmou.
Transplantes são vidas novas
À Agência Gov, o médico Gustavo Arimatea, chefe da Unidade de Transplantes do Hospital Universitário de Brasília (HUB), reforça que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem o maior programa público de transplante do mundo, em que 87% dos transplantes de órgãos são feitos com recursos públicos.
“O programa de transplantes brasileiro é motivo de orgulho para todos os brasileiros. É o maior sistema público de transplantes do mundo, e o SUS tem um papel importantíssimo. A maioria deles é feita em hospitais que atendem pelo SUS”, afirmou o médico.
Em números absolutos, o Brasil é o País que mais realiza esse tipo de cirurgia no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Pelo SUS, os pacientes recebem assistência integral, incluindo exames preparatórios, a própria cirurgia, acompanhamento e medicação pós-transplante.
O novo investimento do Governo Federal no sistema de transplantes foi anunciado no Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado no dia 27 de setembro desde 2007, quando criou-se um projeto de lei para conscientizar a sociedade sobre a importância dos transplantes, esclarecendo mitos e estimulando que as pessoas conversem com seus familiares sobre o assunto.
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Até setembro de 2023, no Brasil, 14.182 pessoas já participaram, como doadoras ou receptoras, de transplantes, entre os quais, 791 foram feitos em hospitais da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh), que administra 41 Hospitais Universitários federais.
“O transplante é uma terapia que salva vidas, transforma a qualidade de vida das pessoas e de suas famílias. Somos testemunhas disso. Então, as pessoas devem doar, porque esse ato salva e transforma vidas”, reforçou Gustavo Arimatea.
Sob gestão do Ministério da Saúde, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no País. E, para estimular a doação de órgãos, acontece durante todo o mês a campanha Setembro Verde para divulgar a importância do tema e sanar dúvidas.
“Todo mês de setembro, fazemos uma campanha pela doação de órgãos para lembrar as pessoas que, se tiverem desejo de doar, conversem com suas famílias, avisem sobre essa intenção”, reforçou o chefe da Unidade de Transplantes.
A doação de órgãos pode ser feita por dois tipos de pessoas: falecidas, incluindo morte encefálica, ou vivas, que podem doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.
A auxiliar administrativa Laura Nascimento, usuária do SUS, disse ter ficado pouco tempo na fila de espera, depois de ter descoberto que precisava fazer transplante de rim, por estar com insuficiência renal em estado avançado. “Eu estava trabalhando quando o médico me ligou. Fui correndo me internar e fazer os exames. O órgão tinha acabado de chegar. No outro dia, logo cedo, eu fiz o transplante”, relatou. A paciente, de 32 anos, não teve complicações nem na cirurgia, nem no pós-operatório. “É uma vida nova”, comemorou.
Já o motorista Celso de Santana, 56 anos, havia ficado nove anos na fila de espera, fazendo hemodiálise três vezes por semana, com duração de quatro horas. Em abril de 2023, ele viajou do município de Barreiras, na Bahia, para receber um novo rim em Brasília (DF).
“É bom ser transplantado, ficar na máquina de hemodiálise não é vida. Hoje, estou bem de saúde, deu tudo certinho. Minha vida mudou”, disse.
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Fonte: Agência Gov
Foto: Divulgação/ MS