Após forte reação da sociedade civil e de autoridades, entre elas a senadora Augusta Brito (PT-CE), a corregedora-geral da Justiça do Estado do Ceará, Maria Edna Martins, instaurou inquérito para apurar conduta machista, sexista e misógina do juiz Francisco José Mazza Siqueira, titular do Fórum de Juazeiro do Norte (CE).
Em audiência de instrução referente a um pedido de indenização por crimes sexuais, o juiz causou constrangimento às mulheres ao se manifestar de forma jocosa e desrespeitosa diante de vítimas e testemunhas de uma ação civil contra um médico acusado de abuso sexual. Nove mulheres acompanhavam a sessão, registrada em vídeo.
Nesta quinta-feira (10/8), o juiz foi afastado do cargo por 90 dias pelos desembargadores escalados pela corregedora-geral para apurar o caso, noticiado no início da semana pelo jornal Diário do Nordeste.
“É lamentável que um representante do poder Judiciário se preste a um papel como esse”, reagiu Augusta Brito, que pediu a imediata apuração do caso pelo Tribunal de Justiça estadual e pelo Conselho Nacional de Justiça. “O juiz adotou comportamento inesperado para quem deveria cumprir o seu dever de garantir o correto andamento da investigação.”
Para a senadora, o magistrado praticou um novo ataque às vítimas, já abaladas pelos crimes que a levaram a denunciar o médico. “Durante a audiência, o juiz, relembrando fatos de sua vida privada, colocou em dúvida o que diziam ali vítimas e testemunhas. Dessa forma, ele revitimizou as testemunhas em um momento de fragilidade para todas elas”, apontou.