Jovens fora da escola e sem trabalho é angustiante para qualquer um de nós. É sinal de que a sociedade não está bem. Essa dor me é particular, pois aos 16 anos precisei deixar o “colégio” pra ajudar em casa e repeti o segundo ano, no entanto tive apoio da minha família e superamos as dificuldades.
Já apresentei na Assembleia Legislativa o projeto “Bolsa Ensino Médio”. Uma lei para garantir no mínimo um terço do salário de incentivo para que jovens em situação de vulnerabilidade concluam o ensino médio. Me aflige o fato de que apenas 15% dos jovens acima de 16 anos estudem, sendo que 57% dos que não concluem esse ciclo deixam a escola para ajudar em casa e/ou já se tornaram pais (18%). (Pesquisa Sesi/Senai maio/023).
Ainda, de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) no Brasil, um de cada três não trabalham nem estudam, conhecido como os nem-nem. Isso pode ser fruto do desencontro entre os desejos dos jovens e as oportunidades de acesso ao trabalho digno sendo forte o sentimento de que a escola ajuda pouco na vida prática, por isso focam em trabalhar mesmo que seja na informalidade. O índice em nosso País é o dobro do que se verifica nos países desenvolvidos pois lá a família sustenta os estudos.
Enfim, foi esse contexto que orientou a reforma do ensino médio cujo desafio vai requerer o esforço de toda sociedade para que a escola pública volte a ser um espaço de formação integral, um ambiente digno que corresponda às expectativas dessa fase de transição para o mundo do trabalho.
Assim, cabe a nós agir com o senso de urgência que a realidade impõe, pois sabemos que o desalento está entre os mais pobres; e sabemos mais, sabemos que os jovens em extrema vulnerabilidade com renda inferior a 2,5 dólares/dia não vão conseguir romper nunca o ciclo de miséria sem políticas públicas que os incluam.
Portanto, esses serão os jovens beneficiados pelo “Bolsa Ensino Médio”. São Paulo pode e precisa agir com mais eficácia para favorecer a permanência no ensino médio e o acesso ao ensino superior de qualidade a exemplo do que ocorreu em 2023 na USP, que das 10.662 vagas preenchida 54,1 % (5.714) foram alunos oriundos da escola pública e 2.020 estudantes do total das vagas preenchidas pelo grupo PPI (Pretos, Pardos e Índios).
Meu propósito é contribuir para estancar a evasão no ensino médio e ajudar os jovens no acesso ao bom ensino e ao trabalho. Além do projeto Bolsa Ensino Médio, apoio o movimento pela instalação do Instituto Federal do Grande ABC e vou dialogar com o governo Lula para levar mais Institutos Federais às outras regiões do Estado de São Paulo.
Rômulo Fernandes é deputado estadual pelo PT.