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Ramagem, ex-chefe da Abin de Bolsonaro, é alvo da PF por suspeita de espionagem ilegal

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), integrante da tropa de choque de Bolsonaro no Congresso e ex-diretor da Abin em sua gestão, foi alvo da operação Vigilância Aproximada da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, 25. Os policiais foram até a casa dele na Barra da Tijuca no Rio e em Brasília as diligências alcançaram seu gabinete na Câmara Federal e também o apartamento funcional.

Autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, a operação visa investigar organização criminosa instalada na Abin e que teria monitorado ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas a partir de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.

No total, os agentes cumpriram 21 mandados de busca e apreensão além de medidas cautelares diversas, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções de sete policiais federais. Foram 18 diligências em Brasília, uma em Juiz de Fora e outra em São João Del Rei (MG) e uma no Rio de Janeiro.

A presidenta do PT Nacional Gleisi Hoffmann considerou o caso de extrema gravidade classificando-o como “um dos maiores escândalos da história da República”. Segundo Gleisi, “comprova que Jair Bolsonaro e seus cúmplices nunca tiveram limites para grampear, perseguir e usar instituições de estado contra seus adversários”. 

Confira abaixo o texto completo postado no X:

 

Ramagem e os sete policiais federais “pertenciam ao Centro de Inteligência Nacional (CIN), uma estrutura conhecida como Abin paralela por operar contra adversários do então presidente Bolsonaro em ações que não passavam pelos trâmites normais da agência”, divulgou o portal UOL em matéria que informa que a Abin não só espionou os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes com também buscou elo deles com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

No final de 2020, segundo reportagem da revista “Época”, sob comando de Ramagem a Abin preparou relatório para subsidiar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para se defender no caso das rachadinhas. O objetivo era pedir a anulação da investigação. Após a operação da PF desta quinta-feira, o portal G1 postou que a “Abin teria produzido provas para auxiliar Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas. Sob o governo Bolsonaro, a Abin teria ainda agido para entregar informações sobre adversários políticos do ex-presidente”.

“Urgente! Operação da PF mira grupo criminoso instalado na Abin no governo Bolsonaro. Um dos alvos é o ex-diretor do órgão e atual deputado federal, Alexandre Ramagem. O desespero tá grande. É o cerco está se fechando. Tic tac tic tac”, postou o senador Humberto Costa (PT-PE) em seu perfil na rede X.

 

Os alvos da Vigilância Aproximada podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei, segundo a PF.

O crime, segundo as investigações, envolvia o uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis (celulares e tablets, por exemplo) sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado.

Grupo criminoso aparelhou Abin

A Operação Vigilância Aproximada dá sequência às investigações da Operação Última Milha, deflagrada em 20/10/2023, quando a PF obteve provas que indicaram que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e usou ferramentas e serviços para ações ilícitas, “produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”, informou o site gov.br.

A operação Vigilância Aproximada é um desdobramento da operação Primeira Milha, iniciada em outubro de 2023 para investigar o suposto uso criminoso da ferramenta “FirstMile”.

“O mau uso dessa tecnologia de espionagem, desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), foi revelado em março de 2023 pelo jornal O Globo”, publicou o portal G1 que informou também que obteve da Abin a confirmação do uso da tecnologia quando a denúncia do uso do sistema veio à tona.

O G1 divulgou também que o programa foi comprado no fim do governo Temer, poucos antes da posse de Bolsonaro, e foi usado até parte do terceiro ano do seu mandato.

Amigo do clã Bolsonaro

Pivô da saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça durante o governo de Bolsonaro, Ramagem é homem de confiança do clã Bolsonaro e é delegado da Polícia Federal desde 2005. Foi chefe da segurança da campanha nas eleições de 2018. Em seguida foi escalado para cargo de assessor especial no Palácio do Planalto e em julho de 2019 Bolsonaro o colocou no comando da Abin, subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Nos fins de semana ele costumava frequentar o Palácio do Alvorada levando informações estratégicas a Bolsonaro.

O desejo de colocar Ramagem na PF foi o estopim para o rompimento de Sergio Moro (União Brasil-PR), que era ministro da Justiça de Bolsonaro.

O desgoverno Bolsonaro gastou em 2019 68% a mais com ações de inteligência e segurança institucional do que a média verificada na gestão do usurpador Michel Temer. Ao todo, foram R$ 90,9 milhões. Esse ano, os gastos haviam alcançado R$ 41,7 milhões no início de agosto, informou o site do PT em matéria dia 11/12/2020.

Caso Marielle

No despacho de autorização das investigações Alexandre de Moraes, apontou a existência de monitoramento ilegal da procuradora responsável pelo caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes.

“Ficou patente a instrumentalização da Abin para monitoramento da promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava, Anderson Gomes”, apontou Moraes, no despacho.

Fonte: Redação do PT Nacional

Foto: Site do PT

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