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PT: suspensão de mandato de bolsonarista por violência de gênero é marco histórico

Conselho de Ética suspende mandato de Gilvan da Federal por ataques misóginos a Gleisi Hoffmann

Parlamentares da bancada do PT destacaram a importância histórica da decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados de aprovar, nesta terça-feira (6), o pedido de suspensão cautelar do mandato, por três meses, do deputado Gilvan da Federal (PL-ES) por ato incompatível com o decoro parlamentar e por violência política de gênero.

O parlamentar bolsonarista proferiu ofensas de cunho misógino, desonrosas e ultrajantes contra a deputada licenciada e ministra da Secretaria de Relações Institucionais do Governo Lula, Gleisi Hoffmann (PT-PR). A decisão foi tomada por 15 votos a 4. A suspensão é consequência da representação apresentada pela Mesa Diretora da Câmara, que qualificou as manifestações do deputado como “gravemente ofensivas e difamatórias”, além de apontar evidente abuso das prerrogativas parlamentares.

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As ofensas do deputado de extrema-direita ocorreram durante reunião da Comissão de Segurança Pública, no dia 29 de abril. No mesmo dia, envolveu-se também em uma discussão com o deputado federal e líder da bancada do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ).

Momento histórico

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) destacou o ineditismo da decisão: “É um marco institucional em defesa da democracia e da integridade das mulheres. Estamos aqui pela honra, pela moral e pela ética, valores que não podem faltar nesta Casa. A única forma de honrar uma vítima e impedir que o sofrimento continue é a condenação do agressor. Se queremos pôr fim à violência contra a mulher, sejamos nós o exemplo.”

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Violência política de gênero

Já a deputada federal Jack Rocha (PT-ES) lembrou que Gilvan já foi condenado por violência política de gênero, sendo o primeiro parlamentar a receber tal sentença.
“O que está em jogo aqui não é uma fala isolada. É a ética coletiva da Câmara. Imunidade parlamentar não pode ser escudo para práticas criminosas. Todos somos cidadãos iguais perante a lei”, falou a parlamentar.

Diante do atual ambiente de debate político, o deputado federal Joseildo Ramos (PT-BA) avaliou a degradação e pediu por um ambiente mais respirável. “A Mesa não agiu por impulso. Foi um caso insustentável de sexismo e misoginia. Gleisi e Lindbergh são uma família. Isso é sagrado. E não pode ser atacado com discursos de ódio. Temos a obrigação de deixar um Parlamento mais digno para as próximas gerações.”

Mulher na política

Para a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), o caso evidencia um problema estrutural que talvez não seja percebido. “Talvez alguns colegas não saibam o que enfrentamos diariamente. Violência política contra mulheres sempre carrega conotações sexuais, de humilhação. Este Conselho tem a chance de dizer o que não será mais tolerado.”

A parlamentar ainda fez um recorte sobre a representatividade das mulheres na Casa. “Acabei de sair de uma comissão onde eu era a única deputada presente. Não sei se todos os colegas percebem como, nas reuniões de líderes, nas comissões, nos plenários, a presença das mulheres ainda é algo que precisamos arrancar à força. Não é natural, não é fluido, é uma conquista diária e exaustiva”, disse.

Em defesa da ministra e pontuando de maneira contundente o importante papel do Conselho de Ética, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), cobrou firmeza diante do desrespeito e ataques violentos que transformam o plenário em palanque de ódio. “O Parlamento é lugar de divergência, sim, mas também de respeito. Chega de blindagem moral seletiva. Chega de impunidade disfarçada de bandeira do Brasil”, pontuou.

Política é coisa de mulher

Para a deputada federal Ana Paula Lima (PT-SC), respeitar as leis, a dignidade humana e a convivência pacífica é dever cívico e princípio democrático. “Podemos divergir politicamente, mas devemos respeitar o voto de cada cidadão que nos trouxe até aqui. Se há discordância política, que se debata com ideias, não com insultos esdrúxulos”, afirmou.

A deputada federal Juliana Cardoso (PT-SP) reforçou a demonstração de respeito, fundamental para a prática política, independentemente de gênero, ideologia ou partido, como base da convivência democrática. A parlamentar ainda exaltou a ministra e sua integridade. “Gleisi é uma líder que construiu sua trajetória com firmeza, propostas e argumentos. Sua conduta é respeitada para além do Partido dos Trabalhadores, por seu compromisso com a democracia e justiça social.

Juliana ainda cobrou do Parlamento o compromisso em garantir um ambiente respeitável para as mulheres que frequentam a Câmara. Do contrário, “ não avançaremos em nenhuma pauta estrutural”, completou.

Fonte: Redação PT Câmara
Foto: Zeca Ribeiro

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