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Presidente Lula ressalta otimismo para concluir acordo entre Mercosul e União Europeia

Em declaração após reunião com Emmanuel Macron, Lula defende que agricultores discutam termos que ainda são desafio ao aval francês e enfatiza que pretende assinar o acordo em sua gestão à frente do Mercosul, no segundo semestre

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou nesta quinta-feira, 5 de junho, em Paris, confiança de que o acordo entre Mercosul e União Europeia será referendado durante a presidência do Brasil no bloco regional, no segundo semestre de 2025. Lula enfatizou a crença após reunião bilateral com o presidente da França, Emmanuel Macron, no primeiro dia da visita de Estado do líder brasileiro ao país europeu.

“Eu acho que não está difícil fazer. E vou repetir ao meu querido companheiro Macron: eu tenho seis meses de mandato no Mercosul. Quero dizer que deixarei a presidência do Mercosul com o acordo União Europeia e Mercosul firmado. E com o companheiro Macron participando da assinatura, para que seja uma boa fotografia”, disse o líder brasileiro. “Abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul. É a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e protecionismo tarifário”, completou.

AGRICULTORES – Segundo Lula, um dos pontos mais importantes para que o acordo seja assinado envolve uma articulação entre agricultores franceses e do lado sul-americano para que encontrem um ponto comum que permita que os blocos ampliem as relações comerciais. “Se os agricultores brasileiros e franceses conhecerem o que a gente pode vender, o que a gente pode comprar, não há por que negar o acordo. Queremos um acordo porque são trilhões de dólares que estarão na negociação e 700 milhões de habitantes. Não é pouca coisa”, defendeu Lula.

Quero dizer que deixarei a presidência do Mercosul com o acordo União Europeia e Mercosul firmado. É a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e protecionismo tarifário”

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

COMPLEMENTARES – Lula argumentou que a agricultura brasileira e a francesa têm complementaridade. “Vamos colocar eles para conversar? As cooperativas para discutir com as cooperativas francesas? Vamos trazer um meio de negociação?”, sugeriu. “Vamos nos sentar em uma mesa e conversar. Eu tenho certeza de que a gente faz o acordo”.

DISCREPÂNCIA – Para Macron, o acordo é importante e estratégico. O ponto de discordância estaria em relação ao uso de alguns tipos de agrotóxicos em lavouras do Mercosul que são vedados na França. “A França é a favor do comércio livre e equitativo. Somos favoráveis à negociação. Não é uma discrepância de competitividade ou qualidade, mas de regulamentação”, observou. “Temos que aprimorar o texto. Ele tem que incluir medidas de salvaguarda”, citou Macron.

HISTÓRICO – Composto por 20 capítulos, além de anexos e documentos adicionais, o Acordo entre Mercosul e União Europeia foi concluído durante a Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, em 6 de dezembro. A parceria é o maior acordo comercial já realizado pelo Mercosul. Os dois blocos reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e economias que, somadas, alcançam US$ 22 trilhões de dólares. A entrada em vigor do acordo passa pelo processo de revisão legal e tradução, assinatura, além da ratificação final por instâncias dos dois blocos.

DIMENSÃO — A União Europeia é o segundo principal parceiro comercial do Brasil, com corrente de comércio de US$ 92 bilhões em 2023. O acordo deve reforçar a diversificação das parcerias comerciais do Brasil, ativo de natureza estratégica para o país, além de fomentar a modernização do parque industrial brasileiro com a integração às cadeias produtivas da União Europeia. Também se espera que o tratado dinamize fluxos de investimentos, o que deve reforçar a atual posição da UE como a detentora de quase metade do estoque de investimento estrangeiro direto no Brasil.

AGENDA – Antes da reunião bilateral desta manhã, Lula foi oficialmente recebido por Macron na Esplanada dos Inválidos para a cerimônia de boas-vindas. No Palácio do Eliseu, participou de uma troca de presentes, com direito a receber uma camisa 10 do Paris Saint-Germain, equipe que conquistou a Liga dos Campeões da Europa no último fim de semana, com o nome de Lula no verso. Ainda nesta quinta, o presidente receberá uma homenagem da Academia Francesa, terá reunião com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, conversará com integrantes da comunidade brasileira na França e participará de jantar oferecido pelo governo francês.

Fonte: site do Planalto
Foto: Ricardo Stuckert/PR

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