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Presidente Lula e prefeita Margarida Salomão entregam para Juiz de Fora (MG) o viaduto Roza Cabinda

Acompanhados por milhares de pessoas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a prefeita Margarida Salomão inauguraram nesta última sexta-feira (28), o viaduto Roza Cabinda, localizado na Rua Benjamin Constant e na Avenida Francisco Bernardino. O elevado, o primeiro de Juiz de Fora a receber nome de uma mulher, é uma das mais importantes obras viárias dos últimos anos da cidade por eliminar a última interferência da linha férrea na ligação entre a Região Leste e o Centro.

Durante a solenidade, que contou com a presença do ministro dos Transportes, Renan Filho, do ministro da Educação, Camilo Santana, do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da deputada federal Ana Pimentel e do deputado estadual Roberto Cupolillo, o presidente assinou a ordem de serviço para o início das obras de recuperação da BR 267, no trecho entre Leopoldina e Juiz de Fora, e depois, até a cidade de Bom Jardim. Parte da BR499, de acesso à cidade de Santos Dumont, também será contemplada. O investimento total será de R$88,8 milhões. Em seu discuso, o ministro da Educação anunciou, ainda, a destinação de recursos para a construção na cidade de mais uma escola de tempo integral em Juiz de Fora, com estimativa de mil vagas.

“Eu vim aqui por causa da Roza Cabinda, eu vim aqui por causa do viaduto, eu vim aqui por causa de vocês. Eu vou voltar aqui para inaugurar mais obras. Esse hospital universitário daqui está há dez anos parado. Como que um país pode deixar um hospital universitário ficar parado dez anos com o povo precisando tanto de médicos e tantas coisas para melhorar a vida dele. Nada me preocupa, a não ser, cumprir a promessa que eu tenho com vocês de cuidar de vocês, com respeito, com dignidade, e garantir que todos vocês tenham oportunidade de viver em harmonia, de criar a sua família, de viver bem. É este país que eu quero, é essa Juiz de Fora que eu quero!”, mencionou o presidente Lula.

“Esse viaduto vai unir a cidade. A linha férrea divide a cidade no meio. Então, desta forma, nós estamos aqui melhorando a mobilidade e salvando vidas. Quantas pessoas já morreram nesta travessia. Por isso, essa obra é uma obra de enorme impacto e de enorme relevância para a nossa cidade. Este viaduto também é importante porque ele se chama Roza Cabinda, uma mulher negra, uma trabalhadora doméstica, escravizada que fez história, levantada por uma historiadora de Juiz de Fora, a professora Elione Guimarães, a quem eu homenageio. A história da Roza é muito linda, porque ela tinha direto à liberdade pela Lei do Ventre Livre.

Mas, o seu proprietário não quis lhe conceder. Então ela entrou na justiça, e ganhou. Uma inovação. Ela lutou por dentro do sistema e ganhou. Uma história de coragem, uma história de luta, uma história que nos ensina. Que este viaduto, Roza Cabinda, que ressignifica, que repara as injustiças da nossa história com a população trabalhadora negra, que ele, na verdade, constitua uma transposição da injustiça. Que ele seja um elemento a nos inspirar a superar a desigualdade e, finalmente, conquistar o nosso direito de viver com alegria numa cidade civilizada. Viva, Roza Cabinda! Viva, Juiz de Fora!”, pronunciou a prefeita Margarida Salomão.

Melhorias viárias

A ideia deste novo equipamento urbano é eliminar da rota dos motoristas a passagem de nível na Rua Benjamin Constant, com a intenção de ofertar um melhor fluxo viário. O viaduto vai impactar positivamente na pontualidade das linhas de transporte coletivo e também vai garantir maior fluidez para o trânsito da área central. Por ser próximo ao Corpo de Bombeiros, também vai acelerar a chegada do socorro para algumas áreas da cidade.

Com a alça de acesso à Avenida Francisco Bernardino, a ligação ao Morro da Glória e à Cidade Alta será agilizada. A entrega do viaduto também conclui o binário de ligação, iniciado com a abertura do Viaduto Helio Fádel Araújo, à Região Leste e à Avenida Brasil, consequentemente também agilizando o trajeto para a Região Norte.

Outra preocupação da obra é garantir mais segurança aos pedestres, que passam a ter o foco na travessia somente na composição férrea; e aos motoristas que zeram os riscos de acidentes na passagem de nível. O entorno do viaduto será urbanizado, com a melhoria da acessibilidade, iluminação e travessias de pedestres.

A construção do viaduto

O viaduto, que inicia na Rua Benjamin Constant, possui 360 metros de extensão e uma alça de ligação à Avenida Francisco Bernardino. A obra foi iniciada no dia 15 de maio de 2023 e teve o valor total de R$ 19.837.170,56 milhões, sendo executadas pelo Consórcio Marco XX – Criar. O viaduto foi construído com 80% de recursos advindos do Governo federal, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e 20% da Prefeitura de Juiz de Fora.

A grande homenageada Roza Cabinda

Em 1873, Juiz de Fora era o município cafeeiro com a maior população de pessoas escravizadas de Minas Gerais. Foi nesse período que Roza Cabinda, uma mulher escravizada de 44 anos, entrou na Justiça para comprar sua liberdade. Sancionada em setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre determinou que mulheres escravizadas dariam à luz apenas bebês livres. A norma também previu a figura da “autocompra”, isto é, que os escravizados que apresentassem aos senhores o valor correspondente à sua pessoa teriam direito à liberdade.

Valendo-se dessa Lei, Roza Cabinda ofereceu ao seu senhor, Henrique Halfeld, a quantia de 300 réis. Inicialmente, Halfeld recusou-se a libertá-la, sob o argumento de que Roza era excelente na execução dos serviços domésticos e que a quantia por ela oferecida estava abaixo de seu valor de mercado. Transcorrido o processo judicial, Halfeld concordou com a alforria, após nova avaliação. Em 2 de julho de 1873, Roza Cabinda obteve na Justiça o direito à liberdade – um direito conquistado e positivado em lei.

Sua história é representativa da luta cotidiana e longeva de milhões de pessoas escravizadas no Brasil. Simboliza, igualmente, o compromisso de brasileiras e brasileiros com o combate ao racismo e às injustiças sociais que ainda permeiam nossa sociedade, 135 anos após a abolição. A fim de dar visibilidade ao protagonismo de mulheres e homens negros na construção do município de Juiz de Fora e salientar sua contribuição inestimável para a formação da identidade nacional brasileira, a Prefeitura atribuiu a este viaduto, inaugurado em 28 de junho de 2024, o nome de Roza Cabinda (Lei 14.707 de 26/09/23).

Foto: Site da Prefeitura de Juiz de Fora
Fonte: Site da Prefeitura de Juiz de Fora

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