Após a Cúpula dos Líderes do G20, o presidente e a ministra Nísia Trindade se juntaram ao diretor-geral da Organização Mundial da Saúde para anunciar os resultados da Rodada de Investimento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira, 19 de novembro, do anúncio dos resultados da Rodada de Investimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) — mecanismo que permite que os países troquem o pagamento de dívida por investimentos em saúde. A divulgação foi feita em conjunto com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, no Rio de Janeiro, após o encerramento da Cúpula dos Líderes do G20, que conta com um Grupo de Trabalho de Saúde.
A gente precisa garantir que a OMS possa investir em pesquisa de vacina para que a gente não tenha mais que ver as pessoas morrerem, muitas vezes precocemente, porque não tiveram o tratamento adequado. Eu sou um soldado nessa luta para que a gente possa arrecadar dinheiro suficiente para que a OMS possa cumprir com a sua função”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
“Enquanto a OMS recebe 2 bilhões de dólares por ano para tentar ajudar problemas de saúde no mundo inteiro, a gente tem, só para guerra, um orçamento de 2,4 trilhões de dólares. Vocês imaginam que para destruir vidas e a infraestrutura que levou anos para ser construída por pessoas, os países ricos investem muito mais do que para salvar vidas. Essa é a contradição do mundo que nós vivemos hoje. E é por isso que nós trouxemos o tema da desigualdade, do combate à fome e à pobreza no G20”, ressaltou o presidente.
Lula classificou o debate sobre saúde no G20 como um caminho importante para garantir aos responsáveis por cuidados de saúde o investimento necessário para evitar doenças que, segundo ele, não deveriam mais existir. “Para a gente não ver mais o sofrimento das pessoas que morreram com Covid, muitas vezes por falta de uma máquina para ajudá-los a respirar e por falta de vacina”, afirmou.
“A gente precisa garantir que a OMS possa investir em pesquisa de vacina para que a gente não tenha mais que ver as pessoas morrerem, muitas vezes precocemente, porque não tiveram o tratamento adequado. Eu sou um soldado nessa luta para que a gente possa arrecadar dinheiro suficiente para que a Organização Mundial da Saúde possa cumprir com a sua função”, completou Lula.
MULTILATERALIDADE — A ministra Nísia destacou que os investimentos são destinados a dar sustentabilidade ao sistema multilateral de saúde. “Com essa rodada de investimentos, reafirmamos a visão do Brasil e também agora de todos os líderes dos G20 expressas na sua declaração final de que nós devemos fortalecer os organismos multilaterais e, na saúde, trabalhar junto à OMS para que possamos ter esse fortalecimento e de fato ter uma equidade e o fortalecimento da saúde global. Então, ao falarmos de rodada de investimentos, falamos de equidade e acesso à saúde como aspectos importantes”, declarou Nísia.
Durante o @g20org, anunciamos os resultados da Rodada de Investimento da OMS. Este é um passo fundamental para garantir a sustentabilidade do sistema multilateral de saúde, um pilar indispensável para enfrentarmos os desafios sanitários do presente e do futuro. pic.twitter.com/UcMb7SGVZA
— Nísia Trindade Lima (@nisia_trindade) November 19, 2024
FINANCIAMENTO — Tedros Adhanom frisou que os aportes são essenciais para fortalecer a saúde nos 194 estados-membros da OMS. “Por meio de vários eventos regionais e agora, na Cúpula de Líderes do G20, recebemos 70 promessas que valem 1,7 bilhão de dólares. Dessas promessas, mais da metade são de contribuidores inéditos à OMS, como também de 21 países de renda média no mundo inteiro. Com essa rodada de investimento e outros acordos de financiamento, a gente pode agora receber 3,7 bilhões de dólares, que é a contribuição que precisamos para realizar a estratégia durante quatro anos”, disse o diretor-geral.
APOIO — A Declaração Final do G20, publicada em consenso dos líderes na noite de segunda-feira (18), reitera o papel central e coordenador da Organização Mundial de Saúde (OMS) na arquitetura global de saúde, apoiado por um financiamento adequado, previsível, transparente, flexível e sustentável. Os chefes de Estado do grupo reafirmaram o compromisso de construir sistemas de saúde mais resilientes, equitativos, sustentáveis e inclusivos, capazes de fornecer serviços de saúde integrados e centrados nas pessoas, incluindo saúde mental, e de alcançar a Cobertura Universal de Saúde, focando em aprimorar os serviços essenciais de saúde e os sistemas de saúde para níveis acimas dos níveis pré-pandêmicos nos próximos um a dois anos.
COALIZÃO – O G20 saudou o estabelecimento de uma Coalizão para Produção Local e Regional, Inovação e Acesso Equitativo, centrada na cooperação voluntária, a fim de promover o acesso a vacinas, tratamentos terapêuticos e diagnósticos e outras tecnologias de saúde para doenças negligenciadas e pessoas em situações de vulnerabilidade. E reafirmou o compromisso de erradicar as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e da erradicação da poliomielite.
ANTERIOR — Em fevereiro, Adhanom esteve no Palácio do Planalto para uma reunião com Lula. Na ocasião, eles trataram de temas como o apoio da OMS ao país para a eliminação de doenças determinadas socialmente, uma parceria para o fornecimento de vacinas brasileiras contra a dengue e das iniciativas da presidência brasileira do G20.