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Para Lula, Selic alta é gasto de má qualidade: ‘Uma pena. Quem perde é o Brasil’

Em entrevista a rádio em Fortaleza, presidente critica manutenção da taxa básica de juros em 10,5%. “Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro para investir aqui dentro”.

Em visita ao Ceará para inaugurar obras e anunciar novos investimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 10,5%, conforme decidido ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Em entrevista à rádio Verdinha, Lula disse: “Foi uma pena. Quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro”.

Lula fez um desafio ao mercado e a setores da imprensa. Ele argumentou que investimentos do governo em projetos de infraestrutura econômica e social são tratados como gasto pela mídia, que é, por outro lado, complacente em relação à taxa Selic “Isso [Selic] tem que ser tratado como gasto. Eu não vejo o mercado falar dos moradores de rua, dos catadores de papel, dos desempregados, das pessoas que precisam do Estado: o povo trabalhador e a classe média, que pagam imposto neste país”.

O presidente afirmou também que os recursos aplicados em desenvolvimento econômico e social são de “qualidade”, em contraste com os gastos com juros.

Questionado sobre críticas que fez, na última terça-feira, ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Lula reiterou. Tratando o presidente do BC como “esse rapaz”, Lula lembrou que a lei que garantiu autonomia ao cargo frente ao Poder Executivo provocou uma anomalia: “Autonomia para atender quem? Só de juros foram R$ 790 bilhões que a gente pagou”, disse, em referência aos gastos do governo com a rolagem da dívida pública no ano passado.

“Os bancos privados preferem, ao invés de oferecer crédito, ganhar dinheiro com a taxa de juros”. completou o presidente, referindo-se a aplicações em títulos ancorados na dívida pública. Lula disse ainda que quem garante o fluxo de crédito produtivo no Brasil são os bancos públicos.

(Foto e informações da Agência Gov)

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