Por Edilmo Lima
Desde 1994, portanto em 26 anos e sete eleições presidenciais seguidas, o menor índice que o PT obteve foi de 27% em primeiros turnos de eleições presidenciais.
Em 1994 foi 27%, depois, 32%(98), 46%(2002), 49%(06), 47%(10), 42%(14) e 29% em 2018.
Mesmo na primeira disputa presidencial (1989) o PT obteve significativos 17%, indo para o segundo turno com Collor de Melo.
O antipetismo histórico tinha arrefecido em 2002, com o desgaste do PSDB e a consequente eleição de Lula.
Com o relativo sucesso dos dois mandatos de Lula e o dois primeiros anos do governo Dilma, esse antipetismo estava inerte nesse período, No entanto volta com tudo turbinado pela grande imprensa no julgamento do chamado mensalão em 2012, se aprofunda a partir das manifestações de 2013, depois com a chamada operação Lava Jato, culminando com o impeachment em 2016.
A despeito de tudo isso o candidato petista, Fernando Haddad, vai para o segundo turno em 2018 obtendo cerca de 45% do votos válidos.
Mesmo com esses desgastes, pesquisa realizada pelo IBOPE em agosto do mesmo ano, com Lula ainda encarcerado, mostra que o PT é o partido preferido por 29% dos brasileiros.
Esse índice supera os 27% daqueles que, somados, escolheram as outras 34 legendas registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o que mostra uma densidade política significativa dos petistas.
É pouco provável que uma aliança/coligação que o PT participe (encabeçando ou não) não vá para o segundo turno em 2022.
Mas se isso acontecer( não estar no segundo turno) o apoio petista será fundamental para o sucesso do(a) candidato(a) de outra coligação ou partido num eventual 2º turno.
Mordida de formiga
Ciro Gomes(PDT) foi candidato em três eleições presidenciais com desempenho eleitoral regular, mas fraco, mostrando um “teto” eleitoral insuficiente para se classificar para um segundo turno.
O ex-presidenciável obteve 11% em 98, depois 12% em 92 e em 2018, a última eleição disputada, 12,5%.
Os ataques de Ciro ao PT e Lula têm aumentado, começando pelo simbólico descanso em Paris, antes do segundo turno da eleição de 2018
Ao que tudo indica, hoje, Ciro tenta ser, ao mesmo tempo, o “herdeiro” eleitoral do campo dito progressista, encarnar e manter aceso a chama do antipetismo e, ainda, se credenciar como o antibolsonarista.
Em matéria publicada na Veja em novembro de 2018, o cientista político e diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos de Almeida, considerava que, dado a diferença de potencial eleitoral, os ataques de Ciro em Lula são como mordidas de formiga em um elefante. “Ciro deveria buscar não morder quem é bem maior do que ele. Trata-se de uma lição básica que qualquer político agindo racionalmente conhece” – ensina o analista.
Mas Ciro, ao contrário, tem engrossado o coro antipetista e aumentado a virulência verborrágica contra o PT e Lula.
Afinal, esse ataques são irracionais, como aponta Alberto Carlos Almeida? Qual é o cálculo político de Ciro?