MENU

Organizado pela deputada Beth Sahão, evento na Alesp reúne lideranças femininas para discutir representatividade política e igualdade de gênero

Evento focou a participação da mulher em cargos públicos eletivos e diretivos na iniciativa privada e o enfrentamento à violência de gênero; evento atraiu mulheres influentes das áreas empresarial, jurídica e acadêmica

A audiência pública da Frente Parlamentar pela Defesa da Vida e da Proteção de Mulheres e Meninas discutiu, nesta quarta-feira (21), temas como sub-representação feminina em posições de poder e combate à violência de gênero. Organizado pela deputada estadual Beth Sahão (PT), coordenadora da Frente, o evento atraiu lideranças empresariais, jurídicas e acadêmicas.

“Nós temos muitas variáveis para combater. Não só a ocupação dos espaços do poder, mas também lidar com o assédio que é muito grande em cima das mulheres. E não é questão de classe social, é do machismo estrutural que temos que eliminar”, ressaltou. “Promover a igualdade de gênero é a nossa grande luta”.

Beth alertou para o aumento dos casos de feminicídio – homicídio de mulheres cometido em razão do gênero. Segundo a deputada, o estado registrou 250 assassinatos de mulheres em 2024, alta de 13% em relação ao ano anterior. Nesse ponto, Sahão defendeu a ampliação das unidades policiais especializadas no combate à violência de gênero no estado. “Das 141 delegacias [de defesa da mulher – DDMs] que temos em todo o estado, apenas 11 funcionam 24 horas. Isso é um prejuízo para as mulheres”, criticou.

A empresária Luiza Trajano, fundadora do Grupo Mulheres do Brasil – com mais de 130 mil associadas – disse que combater a violência de gênero é uma causa “unânime em qualquer lugar” do mundo. Luiza sugeriu o reforço do patrulhamento preventivo por meio das rondas Maria da Penha, alcançando todas as paulistas em situação de risco em vez de se limitar àquelas com medida protetiva. “A ronda chega em qualquer lugar, 24 horas”, frisou.

Luiza manifestou preocupação com a desigualdade social que, na visão da empresária, “é uma responsabilidade da sociedade e não apenas dos políticos”. Ao mesmo tempo em que destacou o engajamento coletivo em prol das causas femininas, ela salientou que é preciso ampliar a representatividade das mulheres em cargos eletivos. “Nossa luta é por mais mulheres no poder”, afirmou, defendendo a meta de 50% de participação feminina nas cadeiras políticas no Brasil.

Dupla jornada e sobrecarga

As barreiras para a ocupação de cargos de poder vão além do assédio. A dupla jornada e a sobrecarga das tarefas de cuidado e domésticas não remuneradas foram citadas como fatores cruciais por diversas participantes. Para a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Raiane Assumpção, por exemplo, a maternidade, a sobrecarga doméstica e a falta de apoio institucional ainda afastam as mulheres da gestão universitária. Na Unifesp, embora as mulheres representem 60% da comunidade universitária, são minoria nos cargos eletivos e nas chefias.

A vereadora de Guarulhos Fernanda Curti acrescentou que o peso das tarefas do cuidado como um dos principais entraves à participação política das mulheres.

Já Marina Ganzarolli, fundadora do Me Too Brasil, argumentou que a violência doméstica aumentou com o empoderamento feminino. Na opinião dela, as mulheres que alcançam posições de liderança enfrentam mais obstáculos, como assédio e julgamento triplicado.

A jurista e professora universitária Ana Amélia Mascarenhas corroborou a percepção da fundadora do Me Too Brasil no ambiente corporativo e acadêmico. Ela pontuou que as mulheres tendem a enfrentar assédio e discriminação quanto mais capazes e líderes se mostram, o que “assusta e amedronta os homens”.

Para a procuradora do estado de São Paulo, Margarete Pedroso, o rompimento desse ciclo de violência passa tanto pela ocupação feminina nos espaços de poder, quanto pela mudança na definição de violência de gênero. “Precisamos deixar de naturalizar essa violência”, frisou.

A ativista congolesa Prudence Kalambaym, que vive há cerca de 20 anos no Brasil, trouxe à tona a realidade de refugiadas e imigrantes, como a dupla discriminação (raça e origem), dificuldade de acesso a serviços públicos e empregos compatíveis com sua bagagem intelectual, além da barreira da língua.

O evento teve participação da advogada e produtora cultural, Eliane Dias, e da diretora de Equidade e Inclusão do Banco do Brasil, Lidiane Orestes. Eliane salientou que o empoderamento feminino passa por “fazer escolhas inteligentes”, como votar em mulheres. Já Lidiane Orestes enfatizou que o mercado já reconheceu que diversidade traz resultados, não sendo vista apenas como “questão de lutar por direitos humanos e justiça social”.

Assista à audiência pública na íntegra, em transmissão da Rede Alesp:

Confira a galeria de imagens

Fonte: Redação Alesp
Fotos: Bruna Sampaio

BUSCA RÁPIDA