No último domingo, milhares de brasileiras e brasileiros foram às ruas de diversas cidades do país para dizer um sonoro “não” ao PL 2159/2021, conhecido como PL da Devastação. A mobilização expressiva da sociedade civil, liderada por movimentos socioambientais, coletivos juvenis, povos originários, cientistas e defensores do meio ambiente, é um claro recado ao Congresso Nacional: não aceitaremos o desmonte das leis de proteção ambiental no Brasil.
O projeto, que enfraquece profundamente o licenciamento ambiental, abre brechas para que empreendimentos com alto potencial destrutivo avancem sem a devida análise de impactos, colocando em risco nossas florestas, mananciais, populações tradicionais e até áreas urbanas vulneráveis a desastres climáticos. É inaceitável que, em plena emergência climática, caminhemos na contramão do mundo.
A força das ruas deve servir como bússola para o Parlamento. Por isso, reiteramos o compromisso que nos foi afirmado pelo deputado Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, de que o PL não será pautado de forma apressada, tampouco sem ouvir o clamor do povo. É fundamental que a Câmara dos Deputados respeite o debate democrático, garantindo a escuta de especialistas, de comunidades afetadas e de quem se dedica, cotidianamente, à proteção dos nossos bens naturais.
A mobilização de domingo foi mais que um protesto: foi uma demonstração de que o Brasil quer avançar rumo à justiça climática, e não retroceder. Cabe agora aos representantes do povo honrar essa expectativa.
*Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados