Em mensagens inéditas, reveladas pelo UOL ex-ajudante de ordens revela a omissão estratégica de Bolsonaro durante ataques a Brasília
No dramático 8 de janeiro de 2023, enquanto bolsonaristas praticavam atos terroristas contra as sedes dos Três Poderes, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi contatado por Paulo Figueiredo. Em mensagem, Filho pediu por uma ação pública do extremista contra as invasões: “Estupidez sem tamanho. O presidente Bolsonaro precisa se manifestar contra isso AGORA.” A mensagem foi enviada às 16h56, em meio ao quebra-quebra generalizado na Esplanada.
As mensagens inéditas, reveladas pelo UOL, mostram Cid afirmando claramente que Bolsonaro, que estava nos Estados Unidos, não se pronunciaria: “Não vai [se manifestar]… Acabei de falar com ele.” De acordo com reportagem do UOL, Cid expressou concordância com os eventos, refletindo uma possível aprovação do presidente ao caos em curso.
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Bolsonaro se manifestou somente às 21h17, já distante dos momentos cruciais e após os atos terem sido contidos pela Polícia Militar. A postagem tardia em rede social criticava as invasões, mas equiparava os eventos aos protestos de 2013 e 2017, em total desconexão, como de hábito, com o nível de gravidade dos ataques.
As mensagens foram obtidas a partir de arquivos apreendidos pela Polícia Federal e confirmam a omissão consciente de Bolsonaro, que fugiu para os Estados Unidos após não conseguir apoio militar para se manter no poder.
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A descoberta de mais de 77 gigabytes de dados no telefone de Cid, incluindo 158 mil mensagens no WhatsApp, revela um detalhe perturbador: sua relutância em desmobilizar apoiadores extremistas era parte de uma estratégia, a de não enfraquecer a base radical que o apoiava até o último minuto, a fim de enfraquecer a democracia e a estabilidade nacional. A revelação desmente, portanto, a tese de que Bolsonaro foi contra o terrorismo do 8/1.
Como se sabe, Bolsonaro, que foi tornado réu pelo STF por tentativa de golpe, foi identificado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, como o mentor das articulações, no fim de seu governo, que encorajariam os atos antidemocráticos do 8 de janeiro.
Fonte: Redação do PT Nacional, com UOL
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil e Site do PT