(*) João Daniel
Moradores da capital paulista e da Grande São Paulo ainda enfrentam transtornos com a falta de energia provocada após as fortes chuvas que atingiram a capital paulista na tarde da última sexta-feira (3/11), causando enormes danos, inclusive com a perda de vida de sete pessoas, em todo o estado até o momento.
Um apagão que, com mais de 24 horas de duração deixou diversos bairros de São Paulo sem luz, depois que uma tempestade com ventos de mais de 100 quilômetros por hora atingiu diversas regiões do estado.
A Enel, concessionária de energia elétrica em São Paulo, é uma empresa italiana que comprou cerca de 70% das ações da Eletropaulo, num negócio de R$5,552 bilhões. Na área de distribuição, a Enel tem concessões em três estados: Goiás, Ceará e Rio de Janeiro, apesar de que em fevereiro de 2023, o jornal “O Popular” informou que a saída da Enel foi concluída após anos de divergência com o Governo do Estado de Goiás, em virtude do não cumprimento de metas contratadas.
No caso de São Paulo, o Ministério da Justiça notificou na segunda-feira (06/11) a Enel e cobrou o esclarecimento de ações para restabelecer o serviço nas cidades atingidas pela tempestade na sexta-feira (3/11). A falha deixou 2,1 milhões de pessoas, em 41 municípios, sem luz, o equivalente à população de Brasília.
Em São Paulo, a Enel, apesar de ter crescido a sua atuação nos municípios em que atua, reduziu em 40% o seu quadro, passando de 23.835 funcionários em 2019, para 15.366 em setembro de 2023. Nesse mesmo período, o universo de clientes atendidos pela Enel registrou um crescimento de 7% na região metropolitana de São Paulo, somando 7,85 milhões de consumidores em residências ou empresas (números da CNN).
Esta é uma das muitas consequências da privatização que sempre denunciamos: a precarização dos serviços.
Mais de 72 horas após o temporal, moradores continuam sem energia. Até o domingo (05/11), cerca de 1 milhão de endereços ainda estavam sem luz na cidade de São Paulo, segundo a própria empresa privada Enel, responsável pela distribuição de energia. Ainda segundo a distribuidora, a previsão era que o serviço só fosse totalmente normalizado até esta terça-feira (7/11), mas até o momento o problema continua.
Segundo várias denúncias de usuários, a empresa, que deveria se empenhar em solucionar o problema da forma mais rápida, o que fez foi fechar seus canais de atendimento na sexta-feira, deixando os consumidores à deriva, sem quaisquer orientações, em um desrespeito aos compromissos sociais que deveria assumir.
O problema que se abateu sobre São Paulo exige atuação de todos os agentes públicos, como Governo do Estado, prefeituras, polícias e bombeiros, numa ação coordenada, mas o que se mostra é que a preocupação com o cidadão não é o forte das atuais administrações, nos casos, do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo, mas a grande falha da Enel é a sua preocupação cada vez mais forte pelo lucro, deixando de investir em sua rede de distribuição e na modernização de equipamentos.
É da maior importância que o nosso Governo tome a decisão de sustar novas aquisições de empresas estratégicas pelo setor privado, que veja a possibilidade de financiar o saneamento público e reestatizar setores que nunca poderiam estar na mão de empresas privadas, principalmente as estratégicas como a Enel.
*Artigo de João Daniel – Deputado Federal do Partido dos Trabalhadores por Sergipe
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados