À Rádio PT, Haddad alerta para consequências do desmonte da área às gerações futuras e rebate fala de ministro sobre universidade ‘para poucos’. “Nosso lema era universidade para todos que tenham nota”
“Não há precedente para a destruição que está acontecendo no Ministério da Educação”, alerta o ex-prefeito e ex-ministro Fernando Haddad. Em entrevista ao Jornal Rádio PT, nesta segunda-feira (16), Haddad avalia que o desmonte do setor ocorre em inúmeros programas deixados como legado pelos governos do PT e que as consequências serão dramáticas para as gerações futuras.
“As pessoas, com razão, preocupadas com pandemia e desemprego, talvez ainda não tenham se dado conta de que a destruição na educação é tão séria quanto nas outras áreas”, considera Haddad. “Há alguma consciência do que está acontecendo no meio ambiente, na cultura e nas relações exteriores, além do desemprego e da pandemia. Essas áreas estão recebendo maior atenção da imprensa. E a educação só agora começa a receber alguma atenção”, pondera o ex-ministro.
Haddad vê com preocupação o sucateamento dos institutos federais e das universidades federais por meio de cortes drásticos. “A maneira como o ministro [Milton Ribeiro] está procedendo com a educação inclusiva, o descaso com as provas nacionais”, denunciou.
Ele também rebateu as desastrosas declarações de Ribeiro sobre a universidade ser para poucos. “Nosso lema era universidade para todos os que tiverem nota”, lembrou. “Todo mundo tem direito a crescer, o rico, o pobre, o preto, o branco, homem, mulher. Hoje, 40% da produção científica do Brasil são de cientistas mulheres”, frisou.
“O número de negros nas universidades federais superou 50%. Então, como é para poucos a universidade? Não tem cabimento. É para até onde for a sua ambição. Tem gente que quer fazer curso técnico, tem gente que quer fazer curso superior e tem quem queira doutorado. Como limitar as chances das pessoas?”, questionou.
PT promoveu expansão inédita das universidades
Haddad enfatizou que a obsessão do ex-presidente Lula em oferecer à população oportunidades em educação que ele próprio não teve serviu como o maior impulso de uma revolução no acesso às universidades. Uma maiores ações foi a expansão das universidades federais pelo interior do país e regiões metropolitanas.
“Em São, com exceção da capital, não existia universidade em Osasco, Guarulhos… Em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, em Aparecida… Não existia esse conceito. Cidades com 200 mil, 300 mil habitantes que não tinham oportunidades para a juventude. Quem queria estudar tinha que ir para a capital”, ressaltou Haddad.
“Fizemos o maior plano de expansão das universidades federais da história do Brasil. Nós mais do que dobramos o número de cidades contempladas com um campus universitário. Razão pela qual Lula é reconhecido como o maior presidente da área de educação”, afirmou.
“E, junto com a expansão, veio uma série de coisas: O novo Enem, o SiSU, o ProUni”, enumerou. Para Haddad, foi a diversidade dos programas que, interligados, triplicaram o numero de universidades do país.
Institutos Federais
Haddad lembrou que os institutos federais são uma marca do PT e que são tão bons que até o atual ministro reconheceu seu papel revolucionário na educação profissional. “Quando ele criticou as universidades, teve que elogiar o instituto federal”, destacou.
Haddad citou o exemplo do relato de um jovem, em encontro com ex-presidente Lula em Pernambuco, que afirmou que foi aceito em nove universidades americanas graças aos governos do PT, apesar das condições humildes da família.
“Na visão do ministro, porque ele é pobre, ele tem de ficar de fora da universidade. Por que? Se ele demonstra talento às vezes muito superior ao de meninos ricos. E daí?”, observou.
Plano de reconstrução
Fernando Haddad falou sobre o plano de reconstrução do Brasil do PT, um documento que irá nortear o plano de governo do partido nas eleições de 2022. Ele explicou que um plano para o desenvolvimento do Estado de São Paulo ficou sob sua coordenação.
“O que eu lamento, e tenho visto por todo o interior, é que não há um governo que tenha um projeto, a não ser pessoal. Ele [Dória] foi prefeito e deixou [o cargo], se elegeu governador e vai deixar, quer ser presidente. Mas não tem um projeto, tem ambição. A pergunta é: para que? Na vida pública, o objetivo é servir. E não vemos isso de parte do Estado de São Paulo hoje”, criticou.
Saudação à Rádio PT
Haddad celebrou a criação do Jornal Rádio PT, que estreou na semana passada. Ele ressaltou a importância de um canal de comunicação do partido, na medida que os espaços na grande mídia são reduzidos em função de interesses econômicos.
“Não deixam o PT falar na grande imprensa, tem um bloqueio mesmo, porque eles têm um projeto de poder que não é democrático. Então eles não abrem espaço aos petistas, que têm de cavar seu próprio espaço”, argumentou Haddad.
“Parabéns ao partido por abrir o espaço e parabéns aos petistas que estão aqui se informando para fazer a luta política, a luta de conscientização da nossa gente por um projeto melhor para o Brasil”, celebrou o petista.
Fonte: PT Nacional