Na maior e mais bem-sucedida operação de repatriação de brasileiros da história, batizada como “Voltando em Paz”, o governo Lula trouxe de volta ao país, em cinco aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), um total de 916 pessoas que estavam nas zonas de conflito em Israel. O quinto voo pousou no Rio de Janeiro, no início da madrugada de domingo (15), com 215 passageiros. Com a realização de um novo voo, que partirá de Tel Aviv na quarta-feira (18), terão sido repatriados mais de 1.100 brasileiros. O Brasil também foi o primeiro país do mundo a viabilizar uma operação de repatriação desde que o conflito teve início em Israel.
O avião que trouxe o último grupo de brasileiros deixou Tel Aviv no sábado (14), às 11h55 (horário de Brasília – 17h55 no horário local). Junto com os passageiros, viajaram 16 animais de estimação – sete deles embarcados na cabine de passageiros e nove transportados no porão da aeronave. Ao todo, foram 24 animais trazidos pela operação.
A articulação do governo federal, que colocou inclusive o avião presidencial à disposição do transporte de brasileiros, teve início já no dia 7, data dos ataques do grupo islâmico Hamas e das primeiras reações do exército israelense. No próprio sábado, foi criado um gabinete de crise. As embaixadas do Brasil em Tel Aviv (Israel), Cairo (Egito) e o Escritório de Representação em Ramala (na Palestina) foram acionados.
Um formulário online ajudou a identificar os brasileiros em situação de dificuldade, e mais de 2,7 mil manifestaram interesse na repatriação. Têm prioridade para o embarque brasileiros sem passagens, não residentes, gestantes, idosos, mulheres e crianças. O governo brasileiro também garantiu transporte de ônibus das principais cidades israelenses para o aeroporto de Tel Aviv.
Até o momento, já houve desembarques em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, e as aeronaves seguem indo e voltando para garantir o retorno de todos. No Brasil, a quarta aeronave com repatriados chegou ao Rio de Janeiro com 207 passageiros na madrugada deste sábado (14). O terceiro voo de resgate trouxe 69 passageiros e aterrissou na manhã de sexta-feira. Cinco desceram em uma escala em Recife (PE) às 6h07 e os demais no destino final da aeronave — a Base Aérea de Guarulhos (SP).
Os primeiros 211 brasileiros repatriados desembarcaram em um voo da FAB que chegou na quarta-feira (11) à Base Aérea de Brasília (DF). Outros 214 chegaram na quinta-feira (12) ao Aeroporto do Galeão, no Rio.
“Estou muito orgulhosa do meu país por ter oferecido todo esse suporte, por ter ajudado a gente. Realmente, é muito incrível ver o Brasil representando o povo”, disse Ilana Zeigerman, uma das repatriadas. “Graças a Deus temos o governo brasileiro, dando essa assistência maravilhosa, está bem organizado, rápido, e gratidão”, afirmou Beni klein, outro brasileiro trazido de volta ao país.
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O Ministério das Relações Exteriores reitera a orientação no sentido de que todos os brasileiros que possuam passagens aéreas, ou condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais a partir do aeroporto Ben-Gurion, situado nos arredores de Tel Aviv, como já fizeram outros nacionais.
Gaza
O governo Lula também tem feito gestões, em alto nível, para repatriar cerca de 30 brasileiros que aguardam o momento de deixarem a Faixa de Gaza, que é alvo de bombardeios israelenses. O grupo se concentra nas localidades de Khan Younis e Rafah, nas proximidades da fronteira com o Egito, país para o qual pretende se dirigir e embarcar em uma aeronave da FAB de volta do Brasil. O avião segue em Roma, na Itália, aguardando o momento de se deslocar para o Egito.
Antes de chegarem à região onde se encontram, 16 desses brasileiros estavam abrigados na escola católica Rosary Sisters, no norte da Faixa de Gaza, e seguiram num ônibus fretado pelo governo federal para Khan Yunis, na parte sul. Lá, se juntaram a um outro grupo de brasileiros que têm interesse na repatriação.
O governo brasileiro, por meio do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, permanece em contato com os nacionais, enquanto veículos contratados pelo Itamaraty mantêm-se de prontidão, aguardando a abertura da passagem de Rafah.
“Os brasileiros que estavam em Gaza conseguiram sair da zona de conflito e chegaram a Khan Yunis, posto de fronteira com o Egito. Agora, vamos esperar que essa fronteira abra. Assim que abrir, imediatamente a gente consegue fazer o nosso pessoal cruzar. Mas, graças a Deus, eles estão longe da parte mais intensa dos bombardeios, que é a parte Norte”, afirmou o embaixador Alessandro Candeas, chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia.
Empenho presidencial
No último sábado (14), o presidente Lula fez telefonemas para o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas – líder do povo palestino – e para o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, aos quais solicitou apoio à retirada de brasileiros que estão tentando deixar a Faixa de Gaza. Quando estiverem no Egito, os brasileiros seguirão para o aeroporto que ainda será definido para o traslado final do grupo para o Brasil.
Na quinta-feira (12), Lula conversou por telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog, quando agradeceu o apoio dos israelenses nas operações para retirada dos brasileiros que buscam sair da zona de conflito no Oriente Médio. Na ocasião, o chefe do governo brasileiro também voltou a condenar os ataques a civis no conflito e a propor a criação de um corredor humanitário para a retirada de crianças. Além disso, Lula pediu ao presidente israelense que não falta água, luz e remédio em hospitais.
“Solicitei ao Presidente todas as iniciativas possíveis para que não falte água, luz e remédios em hospitais. Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra. Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança. E que o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz”, escreveu o presidente na rede social X.
Acolhida
O Ministério das Relações Exteriores acionou as autoridades competentes para assegurar acolhida e apoio aos brasileiros evacuados de Gaza quando de sua chegada no Brasil.
Ouça o Boletim da Boletim da Rádio PT:
O governo brasileiro volta a desaconselhar quaisquer deslocamentos não essenciais para a região.
Os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com “WhatsApp”, permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência.
O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.
Fonte: Da Redação do PT Nacional, com site do Planalto
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil