O depoimento do presidente da ViaMobilidade, Francisco Pierrini, à Comissão de Transportes e Comunicações, da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira, 27/6, revelou a falácia da justificativa dos governos do Estado de São Paulo, segundo a qual a concessão de transportes públicos à iniciativa privada promove a antecipação de investimentos necessários para a melhoria do sistema.
Pierrini afirmou que já houve investimento de R$ 1,8 bilhões, “desde o ano passado” nas linhas 8 e 9. Porém, diante do pedido, feito pelo deputado Donato (PT), de detalhamento do que já foi realizado e se os 36 novos trens anunciados já foram pagos, o presidente da ViaMobilidade disse que não tinha as informações naquele momento, pois, dentro do Grupo CCR, ao qual está vinculada a concessionária, há “estruturas que trabalham em paralelo com as operações e gestão de contratos”.
E perguntado sobre quando a situação nas linhas 8 e 9 vai melhorar, Pierrini saiu-se com frases como “nos próximos 12 meses a gente tem esse avanço sensível das melhorias” e “na medida que a gente vai ganhando fôlego, no sentido da recuperação dos investimentos”.
De acordo com o cronograma do contrato de concessão das linhas 8 e 9 de trens metropolitanos, em 30 de maio de 2023 deveriam ter sido entregues 13 trens e, em 30 de junho, mais três deveriam entrar em operação. Embora a aquisição de trens represente a maior parte dos investimentos previstos, até agora apenas um trem foi entregue, destacou Donato. “Eu queria saber onde foi investido, porque os trens não chegaram, as estações não estão reformadas, os sistemas elétricos não foram substituídos, e as falhas continuam”.
Na avaliação do deputado petista, a regra na concessão do transporte público de São Paulo parece ser a do corte de custos e a de empurrar para frente os investimentos.
POPULAÇÃO DESCRENTE
Enio Tatto (PT), também membro da Comissão de Transportes, insistiu que as linhas 8 e 9 têm problemas estruturais que eram conhecidos pela ViaMobilidade na época da concessão, em janeiro de 2022. Já se sabia que trilhos precisavam ser trocados, que a parte elétrica toda deveria ser reformada. Portanto, concluiu Tatto, nada justifica o que acontece hoje com essas linhas e o sofrimento causado à população.
A reunião foi acompanhada pelo movimento de luta pelo metrô do Jardim Ângela, e Enio Tatto cobrou de Francisco Pierrini informações sobre o andamento das obras das duas estações da Linha 5-Lilás do metrô e sobre o término das estações Varginha, da linha 9.
O deputado reiterou que a população da zona sul está muito descrente com tanta mentira, com tanta promessa. O secretário de Transporte de João Doria, em 2020, lembrou Enio, durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, anunciou que já havia projeto executivo para a construção das duas estações que podem levar o metrô até o Jardim Ângela. No entanto, o presidente da ViaMobilidade, que também é responsável pela Linha-5 do metrô, afirmou que a obra não está ainda em discussão, e que atual fase é de elaboração do projeto executivo.
Fonte e fotos: Marisilda Silva – PT na Alesp
