Missão Josué de Castro de combate à fome lançada nesta segunda-feira (11/3) prevê alcançar 5 milhões de pessoas
Assegurar políticas públicas estruturantes e efetivas de combate à fome, buscar a soberania alimentar com a construção de sistemas alimentares saudáveis e justos, alimentando cinco milhões de brasileiros. Esse é o objetivo da Missão Josué de Castro, apresentada nesta segunda-feira (11/3) durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH).
A divulgação foi feita por representantes dos movimentos sociais, do governo federal e pesquisadores para alertar sobre a necessidade de se priorizar o combate à fome na agenda política. Para dar mais simbolismo à audiência, os representantes dos movimentos sociais colocaram pratos vazios sobre a mesa dos trabalhos. Posteriormente, os utensílios foram usados para exibir alimentos produzidos pela agricultura familiar e o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST).
A missão, que nasceu como resultado da mobilização dos movimentos sociais, tem o propósito de alimentar cinco milhões de pessoas a partir de sistemas alimentares de base familiar, camponesa, agroecológica, solidária e com o estabelecimento de circuitos curtos de abastecimento.
O presidente da CDH e propositor da audiência pública, senador Paulo Paim (PT-RS), alertou para o cenário de fome no Brasil. Para ele, é inadmissível que mais de 60 milhões de brasileiros vivam na pobreza, e cerca de 12 milhões na extrema pobreza, enquanto o país se coloca como o maior produtor e exportador de alimentos no mundo.
“A mensagem de Josué ecoa no centro da consciência coletiva. A fome não é um acidente, mas sim uma manifestação de silêncios deliberados e portanto de injustiças estruturais. Ele nos desafia a questionar as causas dessa conspiração de silêncio que perpetua a fome instigando-nos a agir com coragem e determinação”, disse Paim, referindo-se a Josué de Castro (1908-1973), médico, escritor, geógrafo, cientista social, político e diplomata, que se notabilizou por estudos e esforços voltados ao combate à fome.
A representante da FASE, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Maria Emília Lisboa Pacheco, reconheceu a importância da retomada dos conselhos, pelo governo Lula, o que, na avaliação dela, vem reforçando as ações de defesa de uma plataforma mundial de combate à fome.
Ela disse esperar que a a missão seja uma resposta para a construção da soberania alimentar aliando políticas que incentivem a agroecologia, a preservação ambiental promovendo justiças ambiental, alimentar e social.
“É preciso refletir de forma crítica porque é preciso ver que essa produção baseada em monocultivos e da destruição do meio ambiente não pode nos dizer que estamos alimentando o mundo. Todo o tempo nós temos que nos perguntar o que estamos ou o que não estamos comendo. Nessa complexidade é preciso associar a relação entre saúde, meio ambiente e alimentação. São interdependentes para garantir a justiça social, a justiça ambiental e alimentar”, disse.
Foto: Alessandro Dantas
Fonte: Site PT no Senado