Colunista divulga detalhes da delação de Mauro Cid, revelando a participação de Michelle e Eduardo Bolsonaro em conspiração golpista no final de 2022
As revelações do colunista Elio Gaspari no jornal O Globo neste domingo (26) trazem novas evidências que reforçam o grave risco que o Brasil correu com Jair Bolsonaro e sua caterva, que fizeram de tudo para não deixar o poder.
De acordo com Gaspari, a ala “mais radical” do grupo que defendia um golpe de Estado no Brasil no final de 2022 incluía a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, nomes que a extrema direita cogita para a disputa de 2026, já que o ex-presidente está inelegível até 2030.
Elio Gaspari teve acesso à íntegra da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, feita à Polícia Federal dia 28 de agosto de 2023. Além de Michelle e Eduardo, o jornalista divulgou que nessa ala mais radical Cid incluiu também o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, Felipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro; Onyx Lorenzoni, que ocupou quatro ministérios na gestão Bolsonaro; o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, general Mário Fernandes, e os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES).
Leia mais – Sem anistia: indiciados ex-diretores da PRF por tentarem fraudar eleições de 2022
Na delação, Cid confirma que esse grupo era o núcleo da trama golpista e fez de tudo para Bolsonaro executá-la. Eles conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado, e afirmavam que haveria apoio do povo para dar o golpe.
Sobre uma reunião ocorrida dia 2 de novembro de 2022, “Mauro Cid contou que, sem o respaldo dos comandantes, Bolsonaro “não assinaria” o documento do golpe. Mesmo assim, “estava trabalhando com duas hipóteses: a primeira seria encontrar uma fraude nas eleições e a outra, por meio do grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderir a um golpe de Estado”, publicou o colunista.
Leia mais – Ipespe: 59% dos brasileiros têm certeza de que houve tentativa de golpe
O ministro Alexandre de Moraes, segundo Gaspari, “sabe de tudo isso desde agosto de 2023. Daí em diante, Mauro Cid voltou a depor em pelo menos mais 10 ocasiões, e o ministro puxou o fio do novelo”, escreveu.
Bolsonaro e a trama contra a democracia
“É muito grave saber que Michele e Eduardo Bolsonaro estavam entre os maiores defensores do golpe armado contra a posse de Lula”, postou a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann. “Eram e ainda são as pessoas mais próximas do inelegível e seus maiores porta-vozes na política. Fica cada vez mais insustentável a conversa mole de que ele não tinha nada a ver com a trama contra a democracia, que previa até o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. A hora da verdade está chegando”, assinalou Gleisi.
Ala radical defendia “braço armado” e “doideira”
Mauro Cid relatou que, após as eleições de 2022, havia três grupos distintos próximos a Bolsonaro e um deles “era a favor de um braço armado”. Segundo Elio Gaspari, no depoimento Cid narrou a gestação da “doideira” que deveria ser assinada por Bolsonaro.
“A partir de novembro de 2022, depois do segundo turno, Filipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro, levou-lhe em várias ocasiões um jurista, “que não se recorda o nome”. Essas conversas resultaram num “documento que tinha várias páginas de considerandos” e “prendia todo mundo”, inclusive os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco. Ao final, anulava a eleição”, publicou Gaspari.
Leia mais – Genial/Quaest: 86% dos brasileiros condenam atos golpistas do 8/1
Sobre esse grupo mais radical ala radical Cid informou que ele tinha duas alas. Uma, “menos radical”, queria encontrar indícios de fraudes nas urnas para dar o golpe. A outra ala, a mais radical, era “a favor de um braço armado”.
“Quanto a parte mais radical, não era um grupo organizado, eram pessoas que se encontravam com presidente, esporadicamente, com a intenção de exigir uma atuação mais contundente do então presidente”, relatou Mauro Cid, que acrescentou que os dois – Michelle e Eduardo – conversavam “constantemente” com Bolsonaro “instigando-o para dar um golpe de Estado”.
Havia ainda outros dois grupos, segundo Mauro Cid. Um trabalhava para convencer Bolsonaro a admitir a derrota e se tornar “o grande líder da oposição”. Nesse grupo havia o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, publicou Gaspari. O outro tinha o comandante do Exército, Freire Gomes, e o general Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, que não concordavam com os rumos que o país estava tomando e eram contra medidas de ruptura. “Entendiam que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições, qualquer coisa em outro sentido seria um golpe armado”, afirmou Cid.
Deputado perde urgência à PGR
Em seu perfil na rede X, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) pediu urgência à PGR para que faça a denúncia ao STF e reafirmou a importância dos trabalhos da CPMI do 8 de Janeiro
Fonte: Redação do PT Nacional
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil – Site do PT