Em novo ataque à ciência, extremista põe em dúvida eficácia de imunizantes e afirmou que irá vetar passaporte vacinal. USP e Unesp apontam que 80% de casos graves e óbitos são de pacientes não vacinados
Além de exaustiva, a narrativa negacionista de Jair Bolsonaro contra as vacinas para a Covid-19 e o uso de máscaras volta a representar perigo para a saúde dos brasileiros, especialmente diante da perspectiva de uma nova onda de contágios pela variante Ômicron. Enquanto o mundo se prepara para lidar com uma nova e ainda incerta fase da pandemia, neste domingo (5), Bolsonaro voltou a atacar vacinas, a exigência de passaporte vacinal e medidas não farmacológicas contra doença.
“Hoje querem impor algo que alguns não querem”, afirmou. “Por exemplo: eu não tomei vacina. Alguém vai me demitir por causa disso? Ah, eu sou um péssimo exemplo. Olha, isso chama-se liberdade”, insistiu o extremista de direita, apostando na mentira de que pessoas infectadas passam a ficar imunes ao vírus.
Além disso, o ocupante do Planalto questionou a imunização de jovens e crianças e assegurou que irá vetar medidas para exigir passaporte vacinal no país, em mais um ataque à ciência. “Não há a menor dúvida que eu veto. Quer melhor vacina, comprovada cientificamente, do que a própria contaminação? Quem foi contaminado é dezenas de vezes mais imune do que quem tomou a vacina apenas”, especulou.
“Por mim, a vacina é opcional. Eu poderia, como eu posso hoje em dia, partir para uma vacinação obrigatória, mas jamais faria isso porque, apesar de vocês não acreditarem, eu defendo a verdade e a democracia”, emendou. “Agora, não pode dar para prefeitos e governadores essa liberdade. Sei que a maioria não está adotando isso, mas tem alguns que já estão ameaçando, ameaçando demissão”.
8 em cada 10 mortos são não vacinados, diz estudo
Como tem ocorrido desde o início da pandemia, os fatos desmentem Bolsonaro e suas fake news. Levantamento da Info Tracker, desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), revela que 8 em cada dez vítimas fatais por Covid-19 não foram vacinadas.
Segundo a plataforma, de março até meados de novembro, 306.050 brasileiros perderam a vida para a doença. 243 mil não tinham tomado nem a primeira dose da vacina. Ainda de acordo com o levantamento, situação semelhante ocorre na análise das internações com casos graves. De um total de 981 mil pessoas internadas, 802 mil (81,7%) não tomaram nenhuma dose da vacina
Já quem tomou dose única ou duas doses de imunizante e foi internado representa 9,6% do total, (93 mil). Cerca de 8,7% (85 mil) correspondem aos que receberam uma dose. “O total absoluto de óbitos e internações ao longo do período tem caído de forma acentuada e sustentada graças à vacinação”, sustenta o professor da Unesp Wallace Casaca, em depoimento ao UOL. “É importante para mostrar à população a importância da vacina”.
De acordo com reportagem do UOL, dados compilados sobre a vacinação atestam que os óbitos também caíram em outros países, como Canadá e Reino Unido.
Com informações de Folha e UOL