“O general Braga Netto vai ter que se explicar”, disse o deputado federal Zeca Dirceu (PT) na última terça-feira (26), ao apresentar o requerimento convidando, em caráter de urgência, o militar a esclarecer as circunstâncias da nomeação do delegado Rivaldo Barbosa no comando da Polícia Civil do Rio de Janeiro, dias antes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018.
As provas apuradas pela Polícia Federal e divulgadas pela imprensa do assassinato de Marielle e dos atos golpistas de 8 de janeiro, segundo o deputado, pesam contra Braga Netto. “Ele era o interventor do Rio de Janeiro quando o delegado Barbosa foi nomeado. Isso era uma responsabilidade dele, e o delegado nomeado se comprovou depois ser um dos autores do atentado que matou Marielle e Anderson”, completou.
Comissão de Relações Exteriores
Pelo convite, o general Walter Braga Netto deve prestar esclarecimentos na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, entre outras. “É preciso esclarecer as circunstâncias da nomeação do delegado Barbosa. A indicação do delegado estava a cargo da intervenção federal no Rio de Janeiro, comandada pelo general Braga Netto, tendo sido alertado que Barbosa era suspeito de ligações com a milícia carioca e não era recomendado para chefiar a corporação”.
Crime bárbaro
Apesar dos avanços nas investigações em relação ao combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, segundo Zeca Dirceu, ainda há muitos pontos obscuros na indicação do delegado Rivaldo Barbosa que carecem ser esclarecidos, notadamente as circunstâncias e as razões para a sua nomeação.
“As investigações apontam que a preparação para esse crime bárbaro pode ter começado um ano antes, em 2017, com o monitoramento da vereadora e as reuniões entre os irmãos Brazão e o delegado nomeado por Braga Netto. À ocasião eles discutiram como que seria a dinâmica do crime e como ocorreria a execução.
Assim, a preocupação no planejamento não seria cometer o atentado em local discreto, mas sim impedir que a autoria, assim como os responsáveis pela execução fossem encontrados”, diz Zeca Dirceu na sua justificativa.
“Justifica-se, desta feita, o convite ao general Walter Braga Netto, para que venha ao Congresso Nacional, face à importância de elucidar por completo para a sociedade brasileira os graves fatos que envolvem a execução da vereadora e seu motorista”, completa.
Tentativa de golpe
Além disso, diz o deputado, o general Braga Netto esteve envolvido na organização, manutenção e como incentivador dos acampamentos e mobilizações que culminaram no 8 de janeiro e na tentativa de golpe. “A Câmara dos Deputados, a classe política, quem defende a democracia, não podem ser omissos neste momento e as verdades têm que vir à tona como estão acontecendo na última semana”, afirma.
Foto: Thiago Coelho
Fonte: Site do PT na Câmara