Tudo aconteceu em março de 1998. O deputado federal Jair Bolsonaro, então no PPB, atacou ferozmente o Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns, chamando-o de “desocupado”, “vagabundo” e “megapicareta” durante discurso no plenário da Câmara.
Bolsonaro, que já se declarou a favor da tortura, e se diz um adoroso defensor da Ditadura Militar, a qual ceifou as liberdades e vidas no Brasil, por mais de 20 anos, usou todo seu ódio, preconceito e falta de controle para ofender o autor do livro Tortura Nunca Mais que relatou casos envolvendo pessoas torturadas pelos militares. Vale lembrar que Bolsonaro é capitão da reserva do Exercito.
O caso foi relatado pelo Jornal Folha de SP que ao procurar Dom Paulo para comentar o assunto recebeu do religioso a confirmação de que não comentaria o absurdo.
Destemperado, agressivo e preconceituoso, Bolsonaro usou esses adjetivos ao se referir à carta publicada na Folha, em sua edição anterior, assinada pelo cardeal e por outras 159 pessoas.
A carta, criticava a nomeação do general Ricardo Fayad para a subdiretoria de Saúde do Exército, pelo presidente FHC, afirmando que o “presidente da República tem o dever de tomar medidas para impedir a admissão, em qualquer cargo oficial, de pessoas que tenham atuado em órgãos de repressão”.
Ofensas – Naquela época a candidatura de Bolsonaro à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara é considerada na carta “infeliz coincidência” com a divulgação da nomeação de Fayad.
A resposta de Bolsonaro foi: “Existe outro megapicareta chamado d. Paulo Evaristo Arns, que teve a cara-de-pau de publicar carta aos leitores do jornal Folha de S. Paulo de ontem (quarta-feira), assinada por mais 155 desocupados e vagabundos como ele, criticando minha possível eleição para a presidência da Comissão de Direitos Humanos”.
No discurso, o deputado volta a dizer que a comissão defende “vagabundos”. “Apela a Fernando Henrique Cardoso para que tome as providências legais a fim de que eu não assuma a presidência daquela importante comissão, que defende os direitos humanos de vagabundos como ele, d. Paulo Evaristo Arns, que parece que tem as chaves da porta do céu. Mas, na verdade, as chaves que ele tem na cintura são da porta do inferno”.
O deputado Bolsonaro concluiu dizendo que “esse D. Paulo Evaristo Arns deve se recolher a sua insignificância, ao seu trabalho demagogo”.
Naquele momento a candidatura de Bolsonaro, capitão da reserva do Exército, foi combatida pelas entidades defensoras dos direitos humanos e pelos partidos de oposição.
Fonte: FOLHA DE SP