Em artigo, o senador petista afirma que a manipulação política pela extrema direita de latifundiários truculentos impulsionou o ódio contra Lula e o PT
O período legislativo de 2023 foi marcado por enormes dificuldades para o Poder Executivo Federal e, portanto, para a implementação plena do programa de governo aprovado pelos brasileiros em 2022. Várias matérias da agenda econômica, até que fluíram bem em razão do empenho do presidente Lula e do Ministro da Fazenda junto aos presidentes da Câmara e do Senado, não obstante a “necessidade” de contrapartidas políticas questionáveis. Porém, no geral, as dificuldades enfrentadas pelo governo têm sido inusitadas por conta da significativa representação parlamentar da extrema direita.
Associadamente, temos a fragmentação de grande parte dos parlamentares por grupos de interesse que em alguns casos colocam seus interesses particulares acima dos interesses nacionais. Não raro, um desses grupos tem sido a chamada Bancada Ruralistas que impede avanços nas áreas rurais. Não que a maioria dos parlamentares que integram essa Bancada compartilhem necessariamente com a pauta do atraso. O problema é que há uma conduta padrão de legitimação pelos parlamentares aos posicionamentos das suas principais lideranças. E, na atualidade, essas lideranças ostentam vínculos estreitos com os segmentos mais radicalizados da base primária da agricultura.
O curioso, neste caso, é que considerando um recorte histórico recente os governos do PT foram insuperáveis nos benefícios conferidos à agricultura, em particular, aos grandes fazendeiros.
Trata-se de um paradoxo só explicado pela cegueira por alguns segmentos provocada pelo ódio político disseminado pela extrema direita nos últimos anos.
Recordo que quando segmentos de Mato Grosso relacionados com grandes fazendeiros do estado, e com projeção nacional, resolveram tornar público o apoio à candidatura Lula, tiveram como resposta, mísseis e torpedos de toda a extrema direita.
Porém, ainda que sob pressões e ameaças esses segmentos mostraram habilidade política na reação aos ataques. Deslocaram os discursos da ideologia para os interesses objetivos do setor. Recorreram aos dados oficiais inquestionáveis para demonstrar os virtuosismos das políticas setoriais nos governos do PT quando confrontados com aquelas implementadas pelos governos Temer e Bolsonaro.
Com efeito, de acordo com a OCDE os dois primeiros governos Lula brindaram os grandes fazendeiros com subvenções na média anual de 6.7 bilhões de dólares. O governo Dilma, com US$ 7.7 bilhões/ano. Já no governo Bolsonaro essas subvenções aos grandes fazendeiros foram reduzidas para US$ 5 bilhões/ano.
Quanto aos recursos executados do crédito rural, considerando-se a participação desses recursos no PIB da agropecuária, conclui-se que durante os governos do PT a média anual desses valores foi de 52.4% enquanto no governo Bolsonaro essa proporção caiu para 47.2%.
O número de contratos de fazendeiros financiados com recursos do crédito rural, ao longo dos governos do PT, foi de 2.689.022 por ano, em média; número que caiu para 1.858.521 contratos por ano na média dos quatro anos do governo Bolsonaro.
Em suma, fruto das políticas implementadas, o IBGE registra que durante os dois primeiros governos Lula o PIB da agropecuária cresceu, em média, 3.5% ao ano; no governo Dilma, 3.4% ao ano. Já no governo Bolsonaro o incremento do PIB da agropecuária não passou da média de 0.9% ao ano.
Portanto, a manipulação política pela extrema direita de latifundiários truculentos, pré-iluministas, herdeiros da cultura escravagista que contaminou a formação econômica e cultural do nosso país, impulsionou o ódio contra Lula e o PT. Em resposta, no primeiro ano do seu terceiro governo, Lula ofereceu o maior plano safra da história do Brasil.
Artigo originalmente publicado no jornal O Liberal no dia 21 de janeiro de 2024
Foto: Site PT no Senado
Fonte: Site PT no Senado