Segundo senador, o que estará em disputa nas eleições municipais de outubro será uma consulta popular sobre se queremos viver num país democrático ou não
Estamos nos aproximando das eleições municipais. Os compromissos e os perfis ideológicos de prefeitos e vereadores projetam os traços políticos dominantes da base institucional da federação. E, claro, esse fato tem a sua influência na configuração dos quadros políticos nos estados e no plano nacional.
Creio que as próximas eleições municipais terão relevância singular considerando todo o período desde a restauração do regime democrático no Brasil. Sim, porque esse processo eleitoral ocorrerá num contexto de continuidade e intensificação dos ataques sistemáticos às instituições democráticas pelos setores da extrema direita que saíram do armário com o fenômeno bolsonarista.
Muitos analistas avaliam que em outubro teremos um novo confronto político entre lulismo e bolsonarismo. Talvez estejam corretos se com a personificação da disputa pretendam expressar o que verdadeiramente está em jogo no país: queremos continuar sendo uma democracia, ou não?
Não é da minha índole desrespeitar, desqualificar ou menosprezar quem quer que seja, mas, vamos combinar: as décadas do ex-presidente como parlamentar provam o absoluto irrealismo do “mito” frente às desvirtudes da sua referência humana.
Porém, circunstâncias políticas cujas explorações não caberiam neste artigo, encontraram no personagem espetaculoso, de retórica abusiva e anacrônica, carregada no ódio, o expoente de um fenômeno que encorajou o despertar de ideias e posturas típicas da extrema direita em lideranças políticas conservadoras. Esse fenômeno, baseado, de FORMA INACREDITÁVEL, numa agenda de defesa dos valores cristãos, da família, e das liberdades, contaminou parcela importante da sociedade brasileira. Grande parte dessa população foi convertida ou convencida, não propriamente pela pregação ideológica extremista já que graças a Deus somos majoritariamente um povo da paz e da empatia. Mas o foram pelos efeitos de métodos de persuasão e mobilização já consagrados especialmente pela extrema direita nos EUA.
Foi criado verdadeiro exército de disseminação de fake news nas redes sociais, posteriormente coordenado pelo “gabinete do ódio” que passou a incutir nessa população realidades falsificadas contra pessoas e instituições. Os crimes digitais e os discursos de ódio passaram a contar com a intenso envolvimento de alguns falsos pastores que vilipendiam os limites da dignidade, os valores cristãos e as mensagens de Cristo.
As eleições municipais ocorrerão nesse clima de atuação intensa dessa extrema direita que ameaça a democracia no Brasil, sob o comando da sua liderança internacional nos EUA. Não à toa, um dos zeros foi recentemente aos EUA acompanhado de alguns parlamentares para tentar denunciar no Capitólio, a “atual ditadura no Brasil”. Se deu mal; quando muito, com a ajuda de dois republicanos do baixíssimo clero, conseguiu falar do lado de fora daquela Casa para meia dúzia de esquilos que corriam pelos jardins. De todo modo, concedeu entrevista ao famoso jornalista da extrema direita americana, Tucker Carlson (humilhado por Putin) na qual, sem qualquer pudor, denunciou a suposta falta de liberdade de expressão no Brasil.
Em suma, para além dos interesses locais e partidários, substantivamente o que estará em disputa nas eleições municipais de outubro será uma consulta popular sobre se queremos viver num país democrático, ou não? Forças democráticas do Pará e todo o Brasil, uni-vos!
Artigo originalmente publicado no jornal O Liberal no dia 14 de abril de 2024
Foto: Alessandro Dantas
Fonte: Site PT no Senado