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Beth Sahão: audiência sobre suicídio reforça importância de políticas públicas para a saúde mental da população

A audiência pública “Suicídio: Prevenção e Posvenção no Estado de São Paulo”, realizada pela deputada estadual Beth Sahão (PT) na noite de quarta-feira, 27 de setembro, no Plenário D. Pedro I da Alesp, reforçou a importância das políticas públicas voltadas aos cuidados com a saúde mental, em razão da disparada do número de casos desta natureza que afetam a população.

Segundo levantamento do DataSUS, os números de suicídios entre 2011 e 2020 aumentaram 35% no Brasil. Só em 2020 foram registradas 12.895 mortes no país. Entre os cinco estados com mais casos nesse período estão São Paulo (1º), Minas Gerais (2º), Rio Grande do Sul (3º), Santa Catarina (4º) e Paraná (5º).

Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública relativos a 2022 reforçam o viés de alta. Foram 16.262 suicídios no ano passado, tendo São Paulo também na liderança, com 3.256 ocorrências.

E foi justamente o agravamento desta situação, que passa a exigir a adoção de ações por parte dos Poderes Públicos e da sociedade, de medidas preventivas, de modo a evitar a prática suicida, bem como posventivas, para acolher e melhor tratar o luto por suicídio e seus impactos familiares e sociais, que ocupou o centro do debate coordenado pela parlamentar, integrante da Comissão de Saúde e presidente da Subcomissão de Saúde Mental e Luta Antimanicomial da Assembleia.

“Precisamos buscar respostas para entender que dor é essa que está afligindo tantas pessoas, até mesmo aquelas que aparentemente são bem resolvidas do ponto de vista profissional e financeiro. É preciso, de fato, que se acabe com o tabu que existe em torno deste tema e partir para ações concretas, porque o Brasil é hoje, por exemplo, o país com maior número de casos de depressão na América Latina e o segundo nas Américas, atrás apenas dos Estados Unidos”, disse Beth Sahão.

Uma das palestrantes convidadas, Eroy Aparecida da Silva, doutora em Ciências pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, enfatizou a importância de se desconstruir o tabu existente sobre suicídio. “A dor das pessoas, esta qual a deputada refere-se, não sai nos jornais. Mas é preciso romper o silêncio, pois trata-se de um ato em favor da vida. É preciso tirar o tema dessa clandestinidade e cuidar de forma especial da posvenção, que é o processo do luto por alguém que cometeu suicídio”, afirmou Eroy.

A enfermeira suicidologista pela EPM/Unifesp e especialista em Acolhimento e Comportamento Humano, Lidiane Melo, também destacou a importância do questionamento da deputada em relação à dor por trás de tantos transtornos mentais. E o quanto é importante não só investir em políticas públicas que redundem em mais apoio a toda rede de atenção à saúde mental, o que inclui os Caps, como também um olhar mais humanizado para a questão.

“Suicídio é uma resposta definitiva para um problema temporário. Por isso também a importância das ações de posvenção, que é assistência a quem fica e é o exercício da escuta, de se colocar no lugar do outro. Como diz Leonardo Boff, o cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para mim”, acrescenta Lidiane.

Relatos durante a audiência também ajudaram a enriquecer o debate e levantaram subsídios para mais debates. Como é o caso, por exemplo, de representantes dos servidores do Ministério Público de São Paulo, que falaram sobre o movimento “Nenhum Servidor a Menos”, criado para denunciar casos de assédio, tanto moral quanto sexual, nos ambientes de trabalho e que levam a casos de depressão e outros transtornos.

E também de representantes da segurança pública. Para se ter uma ideia, só em 2021 foram 34 suicídios de policiais militares no estado de Sã Paulo, o que dá uma média de um caso a cada 11 dias. Entre 2015 e 2020, 137 policiais militares que estavam na ativa cometeram suicídio, de acordo com o Comando da corporação, o que gera média de 22,8 ocorrências por ano.

Por isso, a deputada encerrou a audiência apontando para mais debates, na busca pela formulação de projetos de lei e de ações que possam dar o suporte necessário às políticas públicas voltadas à saúde mental. “Este foi um importante primeiro passo, pois acredito que esta tenha sido a primeira vez que o tema é debatido desta forma na Casa, e vamos levar adiante essas discussões”, afirmou a deputada.

Fonte e foto: Assessoria da Deputada Estadual Beth Sahão

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