O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está “perdido” na administração do estado de São Paulo, que mal conhece. Essa condição tem causado forte oposição da bancada do PT na Assembleia Legislativa e nos setores da sociedade civil e, consequentemente, os seus recuos. O último deles foi ceder à experiência de substituir livros didáticos físicos por material 100% digital.
A proposta não durou uma semana nem resistiu à ação dos deputados estaduais Paulo Fiorilo, líder da bancada do PT na Alesp, e Antonio Donato impetrada no Ministério Público de São Paulo pela não adesão do Estado ao Programa Nacional do Livro e Material Didático (PNLD) de 2024 a 2027, tema que já estava sendo investigado pela promotora pública Fernanda Peixoto Cassiano em inquérito sobre a renúncia dos cerca de R$ 120 milhões provenientes do PNLD.
O deputado Antonio Donato disse que acabar com o livro impresso na sala de aula é um escândalo, uma decisão tomada de cima para baixo e sem consulta à comunidade acadêmica. “A medida aumentaria a exclusão dos alunos mais pobres. Esse mais novo recuo do governo estadual em relação a medidas que anuncia escancara que Tarcísio errou feio. Acabar com o impresso e usar apenas livro didático digital não garante um material de qualidade para os estudantes paulistas. A verdade é que Tarcísio faz uma gestão sem rumo e incapaz de resolver os problemas de São Paulo”, afirma.
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Segundo Paulo Fiorilo, mesmo com o recuo, o governo do Estado erra ao propor a impressão de material didático próprio, já que não se sabe qual será a qualidade que nem se esperará pronto a tempo. “O governo recusa o material do Programa Nacional do Livro Didático sabendo que a decisão de seu secretário empresário [Renato Feder] pode prejudicar os alunos estaduais. Vamos continuar o governador para a vinculação do Estado ao PNLD”, comenta Fiorilo.
Recuo atrás de recuo
A decisão de imprimir o material didático, que seria 100% digital, não livra o governo de Tarcísio de questionamentos nem pressionado. Em 85 anos do PNLD, esta é a primeira vez que um Estado não adere ao programa.
A média, desde a campanha eleitoral, é de um recuo de decisão questionável a cada 37 dias. Essas reviravoltas têm causado ruído entre aliados de Tarcísio e dado de livro à oposição.
Nascido no Rio de Janeiro, vivendo boa parte de sua vida em Brasília e lançado ao governo de São Paulo pelo bolsonarismo, Tarcísio de Freitas começou os percalços ao ser questionado em entrevista em São José dos Campos sobre qual era o seu local de votação. “Ah, é um colégio”, respondeu o ex-ministro de Infraestrutura de Bolsonaro na emissora que fica a três milhas de onde ele dava a entrevista.
Desde então, o republicano só acumula idas e vindas. Casos, por exemplo, da declaração de que retiraria câmeras dos uniformes de espera, reunião da Secretaria da Pessoa com Deficiência, reunião com o presidente Lula, nomeação de cumprimento, veto a projeto de lei sobre autismo, tributação de salário de espera e transferência da Cracolândia para o Bom Retiro.
Fonte: Redação do PT Nacional
Foto: Secom Prefeitura de Sorocaba