Em um ano, 3,3 milhões de pessoas foram excluídas do mercado de trabalho. Menos da metade da população em idade de trabalhar mantém alguma ocupação
Mais de três milhões de pessoas perderam suas ocupações entre abril de 2020 e abril deste ano. Essa é apenas uma das más notícias da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento revela que a taxa de desocupação foi de 14,7% no trimestre fechado em abril, 0,4 ponto percentual acima do trimestre encerrado em janeiro (14,2%). O número de desempregados variou 3,4%, com mais 489 mil desocupados, totalizando 14,8 milhões de pessoas. Essa taxa e o contingente de desocupados mantêm o recorde registrado no trimestre encerrado em março, o maior da série desde 2012.
“O cenário foi de estabilidade da população ocupada (85,9 milhões) e crescimento da população desocupada, com mais pressão sobre o mercado de trabalho”, afirma a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
A pesquisadora observou que o nível de ocupação (48,5%) continua abaixo de 50% desde o trimestre encerrado em maio do ano passado. Isso indica que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.
“Ainda registramos perdas importantes da população ocupada (-3,7%), mas já tivemos percentuais maiores. Estamos observando, portanto, uma redução no ritmo de perdas a cada trimestre. No computo geral, contudo, temos menos 3,3 milhões de pessoas trabalhando desde o início da pandemia”, pondera Beringuy.
“Brasil sob Bolsonaro é só recorde: 14,8 milhões de brasileiros desempregados, 6 milhões de pessoas desistiram de procurar trabalho, 34,2 milhões de pessoas na informalidade. Além de genocida e corrupto, incompetente”, postou em seu perfil no Twitter a presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).
Colega de bancada da deputada, José Guimarães (PT/CE) chamou a atenção para os atos programados para o próximo sábado (3). “O custo Bolsonaro para o Brasil é catastrófico! Desemprego, fome, falência de empresas e mortes! É PRECISO DAR UM BASTA! #3JForaBolsonaro”, postou Guimarães.
Henrique Fontana lembrou que o desastre é anterior à pandemia do coronavírus. “Jurema Werneck aponta que em 2019 era notório o aumento do desemprego, da insegurança alimentar e da precariedade do trabalho informal e que, quando chegou a pandemia, governo não fez políticas públicas para enfrentar essa situação. Bolsonaro escolheu deixar o Brasil passar fome”, concluiu o deputado pelo Rio Grande do Sul.
O perfil do Instituto Lula no Twitter também refrescou a memória do povo. “Bom dia, povo trabalhador! Você sabia que durante os governos @LulaOficial e @dilmabr o Brasil alcançou o chamado PLENO EMPREGO? Entre 2002 e 2013, o desemprego sofreu uma redução drástica, passando de 10,5% para 4,3%. Isso que é legado! #LegadoLula”, cravou o texto.
Trabalho por conta própria é o único a avançar
Entre as categorias profissionais, somente os trabalhadores por conta própria cresceram (2,3%, ou mais 537 mil pessoas), totalizando 24 milhões. “Essa forma de inserção no mercado tem um contingente mais elevado agora do que em abril de 2020. Observamos uma reação maior no trabalho por conta própria do que no emprego com carteira no setor privado”, acrescenta a analista.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado ficaram estáveis em 29,6 milhões no trimestre, mas na comparação anual houve redução de 8,1%, ou menos 2,6 milhões de pessoas. O número de empregados no setor privado sem carteira também ficou estável (9,8 milhões), mas caiu 3,7%, ou menos 374 mil pessoas em um ano.
Estável em relação ao trimestre anterior, a taxa de informalidade foi de 39,8%, o equivalente a 34,2 milhões de pessoas. Há um ano, com uma taxa de 38,8%, o contingente era de 34,6 milhões.
Outro destaque foi a alta no total de pessoas subutilizadas – desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial. Esse contingente cresceu 2,7%, com mais 872 mil pessoas, chegando a 33,3 milhões, o maior da série. Também recorde, a taxa de 29,7% representa variação de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (29,0%).
Beringuy observa que a população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas continua aumentando desde o trimestre fechado em outubro. O crescimento dos subocupados é maior que o da população ocupada. Os que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado, classificados como desalentados, somaram 6 milhões de pessoas, permanecendo como o maior patamar da série.
Já o número de empregadores com CNPJ (3,1 milhões) manteve o recorde de menor contingente da série histórica, iniciada no quarto trimestre de 2015. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, houve aumento da ocupação somente no grupo agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (6,5%, ou mais 532 mil pessoas). Os demais reduziram o contingente de trabalhadores.
Fonte: pt.org.br