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Zarattini denuncia perseguição de Ricardo Nunes a professores em São Paulo

Na Câmara Municipal paulistana, vereadores petistas reagiram à medida do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e contestaram o argumento de que estes diretores não teriam garantido a melhora no aprendizado dos alunos

Com uma “canetada”, a prefeitura de São Paulo afastou 25 diretores de escolas municipais sob alegação de que participarão de um projeto denominado Programa Juntos pela Aprendizagem. O objetivo, descreve o “canetaço”, é oferecer formação para que retornem a suas escolas e promovam trabalho pedagógico que resulte em melhorias em suas unidades de ensino.

O deputado federal Carlos Zarattini (PT) alerta que “é mais um ataque à educação feito pelo neoliberal Ricardo Nunes que, com isso, pretende colocar em prática seu plano para privatizar a educação”. E denuncia que “a justificativa do prefeito sobre o suposto baixo desempenho das escolas tenta desviar o foco dos reais problemas, como má gestão, sucateamento das escolas e precarização das condições de trabalho”.

Na Câmara Municipal paulistana, vereadores petistas reagiram à medida do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e contestaram o argumento de que estes diretores não teriam garantido a melhora no aprendizado dos alunos em avaliações externas, como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Para a vereadora Luna Zarattini  “afastar diretores de escolas sem critérios claros e sem considerar os desafios reais enfrentados nas unidades é um retrocesso para a educação pública de São Paulo”.

Sindicalistas do Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo (Sinesp), ouvidos pelo site Brasil de Fato, afirmam que a justificativa para o afastamento não se sustenta. Destacam ainda que a decisão foi tomada sem critérios claros que desconsideram outros resultados educacionais com índices positivos. “Os indicadores escolhidos não refletem os avanços das escolas no médio e no logo prazos”, concluem.

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Em nota, a prefeitura afirmou que “a maioria dos profissionais afastados atuam há pelo menos quatro anos em unidades prioritárias selecionadas devido ao desempenho obtido no Ideb e Idep, que mede o índice de desenvolvimento da educação paulistana”.

Contradição com a realidade

Em flagrante contradição com o descrito na nota, a sindicalista do Sinesp, Letícia Grisólio observa que “essas avaliações não consideram aspectos como Índice de Desenvolvimento Urbano, econômico regional e nem a realidade das escolas”. Para ela, “as dificuldades vindas das políticas governamentais, ou da ausência delas, que impõem falta de profissionais, materiais inadequados e insuficientes, manutenção predial precária, entre tantos outros problemas, são tratados como se não existissem”.

Leticia destaca, ainda, que “muitas destas unidades possuem projeto político pedagógico diferenciado, que dialoga com a realidade e a necessidade do território”. São, segundo a dirigente sindical “unidades que possuem dificuldades, porém têm realizado, dentro das suas possibilidades, um trabalho pedagógico diferenciado e com resultados positivos dentro das comunidades”.

Para comprovar seu argumento Letícia Grisólio informa que duas das escolas com diretores afastados receberam premiações pelo trabalho desenvolvido. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Caio Sérgio Pompeu de Toledo, em Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, recebeu a Salva de Prata da Câmara Municipal, em maio de 2023, uma das mais importantes honrarias da Casa Legislativa destinada a pessoas e instituições com atuação de destaque na cidade.

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Outra premiada, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Espaço de Bitita, no bairro Canindé, zona norte do município, tem em seu histórico prêmios como: o Heitor Villa-Lobos, Territórios Tomie Ohtake, Paulo Freire e Criativos da Escola. A instituição também é parte do Programa das Escolas Associadas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês).

Atitude arbitrária e descabida

Os diretores ouvidos afirmam que não foram comunicados sobre os critérios de seleção. Em claro sinal de arbitrariedade, esta informação também não consta na publicação do Diário Oficial do Município, de 23 de maio último.  “Nós fomos convocados para fazer um curso de 1,7 mil horas, que nos manterá afastados das escolas, no mínimo, até o final do ano para fazer uma reciclagem. Porque essas escolas foram escolhidas? Na minha ótica, é uma perseguição política”, afirma um diretor que prefere não se identificar.

Outro diretor, que também preferiu se identificar, classifica a decisão do prefeito Ricardo Nunes, como um movimento de represália ao trabalho realizado por estes diretores. Ele reclama também que a secretaria de Educação do município não informou “nada” sobre o curso de formação, em quais dias será ministrado e qual o conteúdo.

Fonte: Redação do PT Nacional
Foto:
Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

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