A Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas e Institutos de Pesquisa realizou, nesta quarta-feira (29) na Alesp, uma audiência pública para debater os desafios da ciência e da tecnologia no Estado. O evento, coordenado pela deputada Beth Sahão (PT), foi realizado no Plenário Tiradentes e contou com o apoio da Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC).
“Hoje é um dia de celebração, é um dia de homenagens aos pesquisadores. A gente sabe como a pesquisa é importante para todos nós, [ainda] existe uma distância muito grande e nós precisamos fazer um esforço hercúleo para poder aproximar a opinião pública. Um Estado só consegue crescer e avançar se ele valorizar a pesquisa científica, a inovação tecnológica, a ciência”, enfatizou a parlamentar.
Com o tema “Por uma Política de Ciência e Tecnologia para o Estado de São Paulo”, o encontro também homenageou o Dia do Pesquisador Científico, cuja data é celebrada no dia 18 de novembro.
A presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), Patrícia Clissa, fez uma breve apresentação e apontou alguns dos desafios que os institutos de pesquisa do Estado de São Paulo enfrentam. “São três os principais desafios [que a gente percebe nos institutos] e que realmente podem causar um verdadeiro apagão na ciência. Hoje, 16 institutos estão com cerca de 8 mil cargos vagos, do seu corpo técnico, especializado e científico. O Estado de São Paulo não reajusta os salários de acordo com a inflação, desde 2013. E os institutos de pesquisa vem sendo extintos”, criticou.
Entre os itens apontados na audiência pública para uma melhoria estão: reestruturação dos institutos, reposição do corpo de profissionais com a realização de concursos periódicos, valorização das pesquisas e reposição salarial.
Para a doutora Ros Mari Zenha, geógrafa, presidente da Associação dos Empregadores e pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), “o que faz de São Paulo o nosso estado, uma referência em termos de América Latina, é ter um sistema robusto de ciência, tecnologia e inovação”. Segundo a pesquisadora, não se pode “atuar como franco atirador, desenvolvendo ciência, tecnologia e inovação sem saber qual é a missão, para onde devemos caminhar, no sentido de ter um estado sustentável, inclusivo e resiliente”.
Outra preocupação, apontada no evento, é a retenção dos pesquisadores científicos. “Quando você vê uma bolsa de estudos de 8, 9 mil reais para um pesquisador, para um indivíduo que está fazendo um pós-doutorado, quando ele termina esta formação, quando ele está pronto para o mercado, nós não temos o que oferecer para ele, e aí ele é entregue gratuitamente ou para a iniciativa privada ou para países do primeiro mundo”, destacou Milton Flavio Lautenschlager, assessor da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Um ponto de reflexão apresentado é que a ciência precisa ser mais inclusiva e ter um olhar social, de diálogo. A necessidade de informar a população sobre o papel dos cientistas e dos institutos de pesquisa ficou evidente para os profissionais da área com a pandemia da Covid 19.