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Suspeitos do 8 de janeiro: General Dutra, o protetor dos golpistas

Logo após o segundo turno das eleições de 2022, bolsonaristas inconformados com o resultado começaram a se aglomerar diante do Quartel General do Exército em Brasília. Sem apreço à democracia, pediam intervenção militar e a manutenção de Jair Bolsonaro no poder.

Em poucos dias, o acampamento cresceu. Financiadores garantiram que o lugar recebesse banheiros químicos, tendas e restaurantes com cozinha industrial. Com toda essa estrutura, o local se tornou ponto de encontro de golpistas e terroristas — o plano de explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília, por exemplo, surgiu ali.

Também foi dali que partiram os golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes. Tudo isso permite concluir que, sem o acampamento no QG de Brasília, não haveria o 8 de Janeiro. E a verdade é que, sem a permissão do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, não haveria acampamento.

Golpismo estimulado e protegido

Na época, Dutra estava à frente do Comando Militar do Planalto (CMP). Tendas, banheiros, cozinhas, carros de som, veículos estacionados, nada teria entrado ali sem sua permissão. Basta lembrar que nem mesmo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) conseguiu entrar no espaço na noite de 8 de Janeiro.

Após os atentados na Praça dos Três Poderes, a PM seguiu os golpistas até o local. Dutra, porém, colocou blindados na via de acesso e não houve uma viatura da PM que se atrevesse a entrar. Portanto, se o acampamento cresceu dia após dia, é porque o general quis assim.

Mais do que permitir, Dutra parece ter agido para estimular e proteger o movimento golpista. Segundo reportagem da revista piauí, na primeira semana de novembro, o CMP mandou ofício ao governo do DF informando que um carro de som dos manifestantes estava autorizado a ficar na frente do QG e que os caminhões estacionariam em uma via próxima ao QG.

O ofício solicitava ainda que o governo local colaborasse com a limpeza do local, e disponibilizasse ambulância e policiamento nas redondezas. Mas fazia um alerta: a Polícia Militar não podia, em hipótese alguma, entrar no acampamento. Só a Polícia do Exército poderia acessar a área.

PM impedida de desmobilizar acampamento

À medida que a posse de Lula se aproximava, mais claro ficava para as forças de segurança federais e do Distrito Federal que o desmonte do acampamento era uma medida necessária para garantir a ordem em Brasília.

Ainda em novembro, também segundo a piauí, a Secretaria de Segurança Pública do DF fez um plano de ação chamado “Operação para a Retirada do Acampamento”. O Exército pediu que o texto fosse alterado para “Operação para Reprimir o Comércio Ambulante”.

A partir daí, só mesmo fiscais do governo local, mas jamais policiais militares, foram autorizados a entrar no acampamento. Segundo um relatório enviado pela PMDF ao Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF), em 29 de dezembro, 500 PMs foram destacados para desmobilizar o acampamento. Segundo o G1, no entanto, o Exército cancelou a ação na última hora.

O resultado dessa decisão todos puderam ver. Cada vez mais radicalizados e sentindo-se protegidos, golpistas levaram o terror às rua de Brasília em 12 de dezembro, quase explodiram um caminhão-tanque no aeroporto e, finalmente, atentaram contra a democracia em 8 de janeiro.

“Militares dentro do golpe”

Por ter agido como um verdadeiro guardião dos golpistas, o general Dutra terá de se explicar nesta quinta-feira (14) na CPMI do Golpe, a comissão parlamentar mista de inquérito que investiga não só os atos ocorridos em 8 de janeiro, mas todos os eventos e todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para o que se viu naquele dia.

Para os deputados e senadores, já está claro que entre os culpados, estão membros das Forças Armadas. São, nas palavras do deputado federal Rogério Correia (PT-MG), “os militares que estavam dentro do golpe”. O general Dutra, afirma o parlamentar, parece ser um deles.

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