1 – Como foi elaborado e qual a importância do Manifesto Mulheres contra o Bolsonaro?
A organização do Movimento #EleNão foi elaborada por volta de 20, 30 dias antes do primeiro turno. Existia uma grande preocupação com as falas (do Bolsonaro) e os movimentos feministas, que geralmente se encontram no 8 de março, começaram a dialogar nessa perspectiva de organização da presença das mulheres e de qual opinião elas teriam nestas eleições.
A iniciativa é de uma companheira que não é filiada a partido, mas ativista cultural, a Fábia de São Paulo. Começou a movimentação e tivemos a adesão de vários artistas e movimentos feministas.
Paralelamente a isso, nós organizamos o Movimento Nacional das Mulheres com 13. E nesse comitê temos os partidos que estão na coligação e também os movimentos feministas. Agregamos a comissão organizadora e fizemos aquele ato do dia 29 (de setembro), que foi estratégico, inclusive, para garantir o segundo turno.
2 – Como tem sido a atuação da Secretaria Nacional das Mulheres do PT na campanha do Haddad?
No dia 11 (setembro), quando saiu a decisão de que Lula não sairia candidato, nos reunimos imediatamente neste comitê formado pelas mulheres que compõem a coligação, os movimentos feministas, a Marcha Mundial das Mulheres, a UBM (União Brasileira das Mulheres), as Mulheres do MST (Movimento dos Sem-Terra), as Mulheres da CUT (Central Única dos Trabalhadores), as Mulheres da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais). Aí se juntaram a nós as mulheres do PSB, do PROS e do PCdoB. Então, vários comitês se organizando para pensar as propostas do Comitê Nacional.
E na secretaria tomamos a dianteira de construir esse comitê de representação plural de vários feminismos, a fim de começar a pensar a perspectiva de atuação na campanha do Haddad.
Reunimos o comitê durante três, quatro vezes no primeiro turno. E na reta final, ao sabermos o resultado de que a eleição iria para o segundo turno, realizamos uma reunião ampliada com a participação do PSOL, do PDT, do PSB e aliados que decidimos agregar as frentes na realização do ato do dia 20 (de outubro).
Consideramos um grande sucesso. Da campanha como um todo, são as mulheres que estão com movimentações muito firmes e a gente consegue organizar atos em todo o país, a partir das organizações feministas.
3 – Quais as estratégias nesta última semana para reverter o quadro em favor de Haddad Presidente?
Para esse segundo turno, pensamos em dialogar ainda mais com a população feminina. Divulgamos vídeos sobre quais as razões para não votar em Bolsonaro. Focamos nessa estratégia de vários materiais, compartilhando propostas de políticas públicas presentes no programa de governo do Haddad, inclusive, a criação do Ministério das Mulheres, e no programa do Bolsonaro não tem.
O comitê tem um grupo online que discute as estratégias e estamos convergindo com o material, que reproduz resultados positivos.
4 – Quais as próximas atividades da secretaria antes da realização da votação do segundo turno?
Temos uma série atividades e plenárias por todo o Brasil intitulada “Mulheres Pela Democracia”, ampliando além dos partidos e dos movimentos feministas.
No Amazonas teremos sexta-feira (26/10), a atividade “Elas Pela Democracia” , que também acontecerá em todo o país. Também iniciamos uma mobilização de porta a porta “Mulheres nas Ruas”, uma forma de dialogar com a população. Tem iniciativas próprias, como entregar rosas no sinal, com frases “Por quê não votar no Bolsonaro”; fazer um bolo, convidar para um café e conversar sobre política.
5 – Fale sobre o papel e o protagonismo das Mulheres nestas eleições 2018
É importante ressaltar o papel das Mulheres nestas eleições. Mais do que nunca, não apenas sobre o debate do fundo, não só por conta do aumento da representatividade das mulheres na política. Mas sobretudo da participação e do protagonismo.
Somos o segmento que conseguimos fazer uma mobilização nacionalmente no dia 29 (de setembro) e depois no dia 20 (de outubro). Muitos movimentos feministas que adotaram #EleNão se somam ao #HaddadeManuSim.
É importante fazer esse registro, fruto dessa construção e protagonismo das mulheres. Agora, na história do país, dificilmente as mulheres irão se contentar com qualquer forma de violência, de retirada de direitos, que tenham a ver diretamente com a livre escolha de nossas vidas e ficarem caladas.
Muito da primavera feminista, que aconteceu em São Paulo, no Rio de Janeiro, também tem uma renovação muito forte dos movimentos feministas e outras formas de se organizar.
Então, a nossa ampla unidade é derrotar o Bolsonaro e o fascismo.